ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Pensar e fazer as cidades

Calendário de convenções intensifica a agenda política das candidaturas, renovando o debate sobre a realidade dos municípios no Brasil

Cadastrado por

JC

Publicado em 21/07/2024 às 0:00

Até o mês de outubro, quando se dá o primeiro turno das eleições, e pouco depois, naquelas em que o segundo turno da votação será requerido, as cidades passam a ser o foco dos problemas e soluções no Brasil. A cada rodada eleitoral, os problemas e as promessas se repetem, e uma fila de soluções preenchem a linha do horizonte, sempre deixadas para os futuros mandatos. As articulações partidárias são intensificadas agora, até o ajuste das peças no tabuleiro que dará partida nas campanhas, quando, sem modéstia ou autocrítica, candidatos e candidatas se apresentarão para a es colha do eleitorado, em direção às prefeituras e câmaras legislativas.
Os partidos e as federações partidárias têm até 5 de agosto para a realização de convenções, geralmente encontros festivos de homologação das chapas. O pleito municipal está marcado para 6 de outubro, com o segundo turno em 27 de outubro, para cidades com mais de 200 mil habitantes que tiveram necessidade de disputa entre os dois mais bem votados, se nenhum deles tiver mais da metade dos votos válidos (sem os brancos e nulos). A polarização final é parte do processo democrático, com o objetivo de mostrar à população as melhores propostas das candidaturas preferidas, mas ainda sem forma r a maioria.
A oportunidade está posta para se pensar e fazer melhor as cidades, em relação não apenas aos governos e legislaturas anteriores, mas diante de crises e condições que se perpetuam, sem grandes mudanças, e continuam puxando para baixo a qualidade de vida da população brasileira. É nas cidades que a vida acontece. E na instância municipal que o indivíduo deposita seu rancor ou sua esperança com os resultados da gestão pública. A função dos prefeitos eleitos é se deparar com milhares ou milhões de expectativas, dando conta máxima de inúmeras demandas que, no entanto, podem ser sint etizadas em grupos de problemas essenciais do cotidiano – como habitação, saúde, educação, transporte e segurança.
Num país de tanta desigualdade e seus abismos, nenhuma outra decisão deveria ser prioritária, a não ser a superação do fosso entre os cidadãos. Infelizmente, apesar de discursos enfáticos nas campanhas – das municipais às federais – as prioridades mudam diante das circunstâncias do poder. É claro que nenhum governante pode tudo. Mas dentre aquilo que se pode fazer, o que se faz é o melhor? Eis a pergunta que deveria rondar a cabeça dos eleitores antes da digitação de sua escolha na urna. Assim como de cada governante e parlamentar, eleitos para desempenhar a missão mais nobre da democracia, refletindo a vontade coletiva sem cair na vala comum do interesse próprio ou partidário. O poder democrático, no Brasil, tem sido mais exercido como patamar transitório do carreirismo político, do que de meio intransponível para a realização do bem comum. A democracia continua sendo o melhor dos meios – mas a sua prática, em nosso país, faz tempo que pode melhorar.


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