FAIXA DE GAZA

Hora de um cessar-fogo

Um povo dizimado em consequência do terror aguarda a chance de voltar a viver, assim como os israelenses desejam a segurança da paz, e não da guerra

Cadastrado por

JC

Publicado em 13/06/2024 às 0:00
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Depois de apoiar incondicionalmente a reação do governo israelense ao bárbaro ataque sofrido pelo Hamas, o governo Joe Biden, dos Estados Unidos, vem buscando costurar um cessar-fogo no campo de destruição em que se transformou a Faixa de Gaza. Os mais recentes ataques de Israel ao território palestino ampliaram a pressão internacional, devido à morte de centenas de civis, entre eles várias crianças, nos bombardeios e ações terrestres com o objetivo de matar os terroristas e resgatar os reféns ainda em poder do Hamas. O rastro de sangue fez com que a Organização das Nações Unidas (ONU) equivalesse Israel e o grupo terrorista na consumação de crimes de guerra – mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continua ignorando a ONU, e até criticando a entidade, que tenta a articulação pelo cessar-fogo há meses, sem sucesso.
As informações a respeito da viabilidade da interrupção refletem uma outra guerra – a das narrativas. O grupo de terroristas que domina Gaza afirma que não impôs condições nem mudanças para o cessar-fogo, enquanto Israel e EUA dizem o contrário, apontando o Hamas como obstáculo ao plano apresentado pelos norte-americanos. O secretário de Estado, Antony Blinken, permanece na linha de frente diplomática, atrás de um acordo com o apoio do Egito, do Catar e até da Autoridade Palestina, que se mostra como possível detentora de poder real em caso de destituição do Hamas. No meio das conversas pelo fim da guerra, estão acordos políticos para um futuro tempo de paz, que para ser duradouro teria que contar com a chamada solução dos dois Estado, ou seja, o reconhecimento do Estado Palestino por Israel.
A retirada de tropas israelenses das áreas habitadas em Gaza seria um dos pontos do cessar-fogo. A questão é definir as áreas habitadas no meio de tanta ruína, em um território devastado pelos mísseis e coberto de sangue. Do outro lado, imagina-se que a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas tão pouco seja um propósito de fácil negociação. Se não houver consenso para o fim do conflito, dificilmente se conseguirá mais do que alguns dias de pausa, que sirva pelo menos para a melhoria da atuação das equipes de socorro humanitário, impedidas de trabalhar numa zona de guerra sem área de neutralidade para abrigar a população civil. Mas a expectativa é de que um cessar-fogo permita o fluxo de 600 caminhões com ajuda humanitária por dia. A reconstrução do território destruído é prevista na última fase do plano dos EUA.
Pelo que se vê nos discursos oficiais, há relutância tanto do Hamas quanto de Israel para parar com a carnificina. Se os terroristas dissimulam, desmentem e dão seguimento ao jogo de versões, o governo Netanyahu prefere manter o silêncio perante as negociações no Oriente Médio, assim como não deixa de realizar ofensivas com graves repercussões entre os palestinos. Um povo dizimado aguarda a chance de voltar a viver, assim como os israelenses desejam a segurança da paz, e não da guerra. A hora do cessar-fogo pode não ser agora – mas não deve demorar a chegar.

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