VIOLÊNCIA SEXUAL

Campanha de proteção a crianças

Quebrar o ciclo da violência é o objetivo de campanha institucional para a prevenção de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil

Cadastrado por

JC

Publicado em 19/05/2024 às 0:00

O governo federal lançou uma campanha para que os adultos percebam os sinais de que uma criança ou adolescente está sendo vítima de violência sexual, em peças de comunicação que também estimulam a escuta e o acolhimento das vítimas, e a denúncia contra os criminosos. O problema é maior quando o ambiente familiar, que deveria ser de proteção natural, é de onde surge a violência. A campanha associa o acolhimento da família, sem violência e com diálogo, à prevenção que garante segurança aos menores. Infelizmente, é também na convivência mais próxima, dentro de casa, que se desenvolvem casos de violência contra as mulheres e as crianças, no Brasil. A iniciativa da campanha traz a importância dupla, portanto, ao destacar esse ambiente como crucial para integridade física e psicológica na infância e adolescência.
Compreender o silêncio como sintoma, não deixar o isolamento ser normalizado como refúgio da dor calada, é o grande desafio dos pais e responsáveis para impedir a violência sexual contra meninos e meninas. Os especialistas orientam que a palavra das possíveis vítimas seja sempre levada a sério, sem que se duvide dos relatos, geralmente atrelados a grande vergonha e sofrimento. Se os canais de comunicação mais próximos não estiverem disponíveis, crianças e adolescentes podem não querer se expor na família, até por não terem a devida compreensão do crime a que são submetidos. Manter a escuta ativa é primordial para impedir que a violência sexual aconteça, ou que se repita.
Ensinar às crianças, desde pequenas, a saber o que é o consentimento para tocar no seu corpo, amplia o canal de diálogo e deixa o sentido infantil alerta para violações e abusos. As mudanças de comportamento comuns às que sofrem abusos sexuais, por outro lado, indicam que a fronteira do consentimento foi ultrapassada. E por isso, os adultos próximos não podem baixar a guarda do acolhimento e da atenção a qualquer sinal de alteração, como a tristeza constante, que não deve fazer parte da infância. A orientação pode vir dos pais e da escola, local privilegiado de identificação dos problemas e de ativação das defesas contra a violência sexual em crianças e adolescentes. Professores e demais profissionais do ambiente escolar se integram, dessa forma, à rede de proteção em torno dos estudantes, agregando a educação sexual ao conhecimento transmitido.
A oportunidade da campanha é inegável. No Brasil, mais de uma centena de denúncias de violência sexual a crianças são feitas por dia, de acordo com estatísticas de 2022, numa estatística que vem subindo todos os anos, desde 2012. De acordo com a Fundação Abrinq, 75% dos crimes sexuais cometidos no país são contra crianças e adolescentes, mais da metade com idade entre 5 e 14 anos. Para interromper essa escalada, a difusão da informação e a ação da Justiça, punindo efetivamente os criminosos, são essenciais para manter as novas gerações longe do trauma.

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS