OPINIÃO | Notícia

Arthur Carvalho: A batalha do século

Mas a luta que mereceu realmente o título de maior do século de todos os tempos foi a de Muhammad Ali com George Foreman, no Congo

Por ARTHUR CARVALHO Publicado em 19/03/2025 às 7:00 | Atualizado em 19/03/2025 às 7:15

Toda vez que um grande boxer como Joe Louis ia lutar, a imprensa americana dizia que era “a luta do século”, para dar maior importância ao duelo. Isso pegou, e depois que o “Demolidor de Detroit” saiu de cena, as manchetes passaram a valer com os lutadores que o substituíam na fama, como Rokey Marciano, que morreu invicto, Joe Fraizer, Éder Jôfre, Popó, Sugar Ray Robinson, Myke Tyson e outros.

Mas a luta que mereceu realmente o título de maior do século de todos os tempos foi a de Muhammad Ali com George Foreman, no Congo, que provocou a narrativa extraordinária e minuciosa de Norman Mailer, etapa por etapa, do livro “A Luta”, vencida por nocaute, nos minutos finais, por Ali. Ocorre que o favorito era Foreman, então campeão mundial, e Ali, fora de forma, “apanhou” até o fim.

Quando, meses depois, Foreman telefonou para Ali pedindo revanche, Ali perguntou se ele estava louco. E Foreman conduziu o caixão de Ali, segurando a alça direita da frente, em seu sepultamento.

Lembrei-me disso agora, com a partida de Diógenes Moraes, aos 95 anos, um dos maiores atletas de luta livre do Brasil. Naquela época, havia o programa da TV Pernambuco - Canal 2 – TV Ring Torre, de maior audiência no estado, da empresa Confecções Torre, do Grupo Empresarial do Cotonifício da Torre.

Participavam do programa os maiores judocas do Recife, Pernambuco e Brasil, inclusive o célebre supercampeão baiano Waldemar Santana, único lutador que venceu Hélio Gracie, numa luta que durou mais de três horas e em que Waldemar nocauteou Hélio.

Nisso, a tripulação de uma belonave canadense desembarca em Santos e dá uma pisa nos paulistas. Desembarca no Rio e dá uma pisa nos cariocas. Desembarca na Bahia e massacra os estivadores de Salvador. Prevenidos, os recifenses reuniram os melhores lutadores de Pernambuco e deram uma surra nos marinheiros canadenses, na Avenida Marquês de Olinda, defronte do Chanteclair.

Segundo Otávio Augusto, Superintendente da Sunab, participaram dessa turma, entre outros, os judocas Hilário, Jurandir e Diógenes Moraes, ajudados pela Cavalaria da PM, que na época não protegia as inexistentes torcidas organizadas. Conforme Otávio Augusto, os marinheiros canadenses passaram dois dias internados em seu navio para tratar as porradas e cacetadas da Batalha do Século.

Arthur Carvalho – Associação Brasileira de Imprensa - ABI

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