Amanhã acontece o Desfile das Campeãs do Carnaval do Rio de Janeiro, uma ideia muito bem bolada da liga das escolas de samba para criar mais um dia de desfile, no sábado, depois do Carnaval. Ideia era reunir as seis escolas melhor classificadas para uma nova apresentação. Não foi bem vista, pois muita gente alegava que não seria possível repetir as apresentações dos dias de carnaval, pelos desgastes nas alegorias, nas roupas dos destaques e desfilantes. O primeiro teve problemas, mas já no segundo ano consolidou-se e tornou-se um enorme sucesso. Inclusive, por possibilitar a presença de pessoas que não puderam vir nos dias de carnaval e proporcionar a comemoração da escola vencedora.
A ideia chegou a ser usada no Recife, por três anos, mas sem nunca ter sucesso, porque reunia não apenas as escolas de samba- estas as responsáveis por atrair público - mas todas as outras agremiações do Carnaval da capital pernambucana. Já São Paulo, cujo desfile rivaliza em luxo e atrações com o Rio de Janeiro, adotou o encontro das campeãs, que acontece na sexta-feira depois do Carnaval.. Hoje, por exemplo.
Uma coisa que pouca gente sabe: o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro foi idealizado pelo jornalista pernambucano Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues, que organizou através do jornal Mundo Sportivo o primeiro certame oficial, em 1932. Outro recifense, Pedro Ernesto, também atuou de forma decisiva para o sucesso do evento: quando prefeito do então Distrito Federal, tornou-se o primeiro político a dar apoio financeiro ao carnaval, dentro de um projeto que visava transformar o Rio de Janeiro numa potência do turismo, e em 1935 reconheceu e oficializou os desfiles.
Certo dia, conversando com meu amigo Mote Stambosky, que tinha a “Moturismo”, famosa agência de viagens do Recife, falei da beleza do espetáculo. Ele decidiu criar um grupo para ver o espetáculo. Já no primeiro, levou 50 pessoas. Nas outras quatro edições, chegou a ter 200 pessoas. Grupo saía na noite da sexta-feira, ficava no hotel, tinha “transfers” para o Sambódromo e ficava numa frisa, juntinho da passarela. Com direito a mordomia completa, como buffet e open bar. Estive em todas as edições, ao lado de muitos nomes conhecidos. Alguns, indo todos os anos.
Voltei ao Sambódromo outras vezes. Numa delas, no camarote da “Devassa”, convidado pela empresária Bruna Hazin, quando fiquei numa mesa com Ancelmo Gois, famoso cronista carioca, que é sergipano. Noutra, no camarote da Prefeitura do Rio. E duas vezes acompanhando os desfiles de escolas que prestaram homenagem aos pernambucanos. Com o prefeito João Paulo e o secretário Samuel Oliveira, em 2008 no desfile “100 Anos do Frevo, é de Perder o Sapato. Recife Mandou Me Chamar” da Mangueira, que não foi feliz, e quase era rebaixada. E em 2012, com o governador Eduardo Campos e o secretário Alberto Feitosa, no desfile campeão da Unidos da Tijuca “O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz Gonzaga”.
É uma experiência única, mas é preciso resistência. O desfile começa tarde e entra pela madrugada, chegando, às vezes, até o início da manhã. Confesso que só uma vez fiquei até a passagem da escola campeã. Sempre saí mais cedo.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1