OPINIÃO

Rafael Dhalia: Instituto Butantan desenvolve nova vacina contra dengue, esperança para a ampliação da imunização no Brasil

A relevância global da dengue e seu impacto na saúde pública têm tornado o desenvolvimento de vacinas eficazes uma prioridade científica e médica

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JC

Publicado em 26/01/2025 às 19:24 | Atualizado em 30/01/2025 às 7:08
Em um avanço promissor, o Instituto Butantan finalizou o desenvolvimento da vacina Butantan-DV contra a dengue - BUTANTAN/DIVULGAÇÃO

Por Rafael Dhalia*

A dengue, uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, continua sendo uma das principais preocupações de saúde pública nas regiões tropicais.

Com quatro sorotipos distintos (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4), a doença causa alta morbidade e mortalidade em áreas endêmicas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 390 milhões de infecções por dengue ocorrem anualmente em todo o mundo.

Desde o primeiro registro da doença no Brasil, em 1981, os casos de dengue têm aumentado significativamente.

Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que, em 2024, o país enfrentou mais de 10 milhões de casos prováveis e registrou 5.922 óbitos confirmados pela doença, um aumento expressivo em comparação a anos anteriores.

Fatores que contribuem para o aumento dos casos de dengue

Diversos fatores contribuem para o aumento dos casos no Brasil: 

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Vacinação

A relevância global da dengue e seu impacto na saúde pública têm tornado o desenvolvimento de vacinas eficazes uma prioridade científica e médica nas últimas décadas.

Em um avanço promissor, o Instituto Butantan finalizou o desenvolvimento da vacina Butantan-DV contra a dengue e submeteu o pedido de licenciamento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2024.

Esta conquista representa um passo significativo na luta contra a doença, ampliando as opções de imunização.

A vacina Butantan-DV traz uma vantagem crucial: seu esquema vacinal de dose única pode ser administrado tanto a indivíduos que já foram expostos ao vírus da dengue quanto àqueles que nunca contraíram a doença.

Esta característica pode facilitar a adesão ao Programa Nacional de Imunização (PNI) e aumentar a cobertura vacinal.

O Instituto Butantan já está preparado para produzir e entregar 100 milhões de doses ao PNI nos próximos três anos, prometendo um impacto significativo na saúde pública.

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Quais vacinas existem hoje?

A primeira vacina licenciada contra a dengue em 2015, a Dengvaxia®, desenvolvida pela Sanofi Pasteur, apresentou limitações significativas.

Embora disponível em clínicas privadas, não é recomendada para indivíduos sem exposição prévia ao vírus, dificultando sua inclusão em programas de vacinação em massa.

Em 2023, a Takeda licenciou a vacina QDenga®, aprovada pela ANVISA e incluída no PNI.

A QDenga® é apropriada tanto para pessoas previamente expostas ao vírus quanto para aquelas que nunca tiveram a doença, mas requer duas doses, com um intervalo de 90 dias entre elas.

A limitação na sua produção, e entrega, restringiu sua distribuição no PNI para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, além das regiões com maior incidência da dengue.

Com a introdução da Butantan-DV, espera-se superar essas barreiras logísticas e ampliar significativamente a imunização contra a dengue no Brasil e no mundo, marcando um avanço crucial na prevenção dessa doença, que, segundo a OMS, está entre as dez maiores ameaças à saúde pública.

*Rafael Dhalia, pesquisador da Fiocruz e membro da Academia Pernambucana de Ciências

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