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Rosália Vasconcelos: resposta à emergência climática está na educação ambiental

Educação ambiental é a chave para garantir a sobrevivência humana na Terra, capaz de traduzir conhecimentos científicos para o cidadão comum

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ROSÁLIA VASCONCELOS

Publicado em 18/01/2025 às 0:00 | Atualizado em 20/01/2025 às 9:42
Preocupação com o meio ambiente deve mobilizar a sociedade - Thiago Lucas

A consciência coletiva sobre nossa conexão com o meio ambiente nunca esteve tão latente. Os efeitos de anos de exploração não mensurada e não comedida dos recursos naturais estão sendo sentidos em todas as regiões do planeta, colocando sob ameaça de extinção a própria espécie humana.

Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em dezembro de 2023, existe um consenso entre pesquisadores e cientistas de que as alterações climáticas são provocadas pelas atividades humanas, especialmente graças às emissões de gases de efeito estufa (GEE).

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Incertezas

Apesar desse entendimento coletivo consensual, para o cidadão comum, aquele que não estuda as ciências do clima, há uma sensação generalizada de incertezas, especialmente sobre como fazer para reduzir as atividades que mais prejudicam o meio ambiente e o que fazer diante de uma realidade já posta, quando a temperatura média global da Terra chega a 1,6ºC em 2024, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), superando a meta de 1,5ºC, temperatura considerada crítica para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

E é justamente por essa carência instrucional sobre meio ambiente e clima que a educação ambiental se torna a principal ferramenta de resposta à crise climática e ambiental. Ela é fundamental não apenas para trazer alternativas de mitigação.

Através da educação ambiental, podemos ser provocados a refletir e apontar novos caminhos de desenvolvimento, que permitam superar esse modelo pautado em exploração e degradação socioambiental.

Cotidiano

A falta de clareza na relação entre nossas ações rotineiras - o que e como consumimos, como nos locomovemos e nosso estilo de vida - com o desconhecimento sobre os processos ecossistêmicos e ambientais, estão entre os motivos pelos quais a humanidade chegou até aqui:

Quantidade absurda de produção de resíduos não reaproveitáveis descartados de forma irregular;

Mas para que a educação ambiental alcance seus objetivos e tenha o impacto necessário nessa nova curva de desenvolvimento, é necessário que ela esteja presente dentro e fora das escolas, em um fluxo contínuo de educação, informação e mudança de comportamento.

Reestruturação do sistema

Mais do que ensinar a separar o lixo ou plantar árvores em datas simbólicas, a educação ambiental precisa ser incorporada ao nosso dia a dia.

É um processo de aprendizado que envolve pensar, desenvolver e estruturar soluções equilibradas que integrem a natureza como aliada do progresso, em vez de um obstáculo a ser superado. Afinal, não estamos separados do planeta; somos parte dele.

Educação ambiental também é repensar nosso sistema político-financeiro, novas formas de fazer, ser e estar no mundo. É uma provocação que deve atingir alunos, pais, comunidades, desenvolvendo sua dinâmica na proposta pedagógica formal de instituições de ensino, mas também nas boas práticas de empresas e instituições públicas.

Papel do professor

Nesse contexto, o papel do professor é crucial. Ele é o agente transformador capaz de mudar perspectivas e educar novos cidadãos.

O professor não apenas ensina os alunos, mas também influencia suas famílias e comunidades. As escolas, por sua vez, se tornam espaços replicadores dessa mudança de mentalidade, sendo fundamental, inclusive, para o processo de empoderamento dos cidadãos, dando-lhes subsídios instrucionais e legais para cobrar soluções e caminhos daqueles que tomam as decisões.

Sob essa perspectiva, a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco tem investido fortemente em iniciativas de educação ambiental, que não se limitam aos projetos geridos diretamente pela pasta, mas atravessam outras áreas, como educação, ciência, tecnologia, desenvolvimento econômico, habitação, entre outras.

As políticas públicas também vêm se esforçando para engajar o setor privado nesta dinâmica, promovendo um desenvolvimento e uma economia que respeitem os princípios socioambientais, objetivo central do Plano Pernambucano de Mudança Econômico-Ecológica (PerMeie).

Um exemplo dessa abordagem é o programa estadual de reflorestamento "Plantar Juntos", que vai além do simples ato de plantar árvores. É uma oportunidade única de promover ações de mitigação, justiça climática, preservação da agrobiodiversidade, conhecimentos ancestrais, segurança alimentar, entre outras práticas urgentes.

A educação ambiental pode ser a chave para garantir a sobrevivência humana na Terra.

Ela é capaz de traduzir conhecimentos científicos complexos para o cidadão comum e congregar conhecimentos tradicionais ancestrais na busca por mudanças socioambientais globais para a construção de uma nova governança planetária.

Rosália Vasconcelos, gerente Geral de Comunicação e Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco (Semas-PE)

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