Em 1970, para usar no transporte coletivo do Recife, a Prefeitura do Recife trouxe da Holanda uma lancha de luxo, com 62 lugares, poltronas acolchoadas de couro, tapetes, banheiro e até um bar. A cabine era cercada de vidro, possibilitando visão total. Algo que faltava ao Recife. Foi batizada com o nome de "Garcia D'Ávila" e antes de iniciar o roteiro Recife-Antigo-Brasília Teimosa, teve uma pré-estreia de luxo.
A Prefeitura, dona do barco, através da CTU- Companhia de Transportes Urbanos convidou Thais Notare, para organizar um passeio, na véspera do Natal de 1970. Ela era colunista do Suplemento Social do Jornal do Commercio e apresentava o programa "Hora do Coquetel", na TV Jornal do Commercio, ao lado do cronista social José de Souza Alencar, o "Alex". Ela teve a colaboração de Aldemar Paiva, presidente da Emetur - Empresa Metropolitana de Turismo.
Resultou numa promoção sensacional, sob todos os aspectos, tudo correto, sem qualquer falha. Foram convidados os nomes de maior expressão na nossa sociedade. Foi exigido o traje rigor, algo inusitado no passeio de lancha. Os homens de black-tie, as mulheres com vestidos longos, assinados pelos mais famosos figurinistas da época, como Marcílio Campos e Jurandir. Tudo criando um toque de muito requinte.
A partida foi no Cais Almirante Doring, na sede do Cabanga, com os convidados sendo recebidos pelo prefeito Geraldo Magalhães Melo e a primeira-dama Penha. Uma recepcionista dava as instruções em inglês e português. A partida foi exatamente na hora prevista: 21h30. Logo no início do passeio, a lancha despertou muito interesse, fazendo com que muitos carros parassem junto ao rio, para observar o original passeio, na lancha toda iluminada.
Durante quatro horas, tranquilamente, o Garcia D´Ávila, singrou as águas do Capibaribe, indo até em frente ao São Luiz. Os convidados tiveram, então, uma oportunidade rara de observar toda a extraordinária beleza da decoração natalina do Recife.
Um perfeito serviço, com uísque, ginja e salgados funcionou durante todo o transcorrer do passeio, dando um colorido todo especial. Entre as pontes Duarte Coelho e Princesa Izabel, a lancha ancorou, quando foi servido o coquetel com o tradicional brinde com champagne a todos que lá estavam. Em seguida, tivemos uma serenata, com o cantor Otávio Santiago e participações de vários convidados mostrando suas qualidades de cantor.
Todos desceram num píer construído em frente ao Cinema São Luiz, quando os participantes foram levados, num ônibus de luxo, para a sede do Cabanga, onde tinham estacionado seus carros.
Foi um dos maiores eventos sociais daquele ano na nossa cidade. Uma iniciativa inédita, que nunca mais se repetiu e foi assunto por vários dias nas colunas sociais. Inclusive na minha.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1