OPINIÃO

Metas de inflação: 25 anos de um grande legado

A preocupação com a estabilidade fiscal e o maior patrimônio que um país pode ter: a sua democracia

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CARLOS COSTA

Publicado em 08/06/2024 às 0:00 | Atualizado em 08/06/2024 às 7:27
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad: foco tem que ser no controle da inflação e no compromisso fiscal - Lula Marques / Agência Brasil

Nos anos 80, o Brasil enfrentou um descontrole inflacionário e planos econômicos heterodoxos que incluíam tabelamentos e congelamentos de preços da Economia. Uma geração inteira lembra das corridas aos supermercados para repor rapidamente os estoques de mantimentos, devido ao medo das subidas exponenciais dos preços e da queda no poder de compra, que marcaram o debate econômico brasileiro nesta década. Inflação alta é veneno na veia da população mais pobre, e o Brasil conviveu durante longo período com esse gosto amargo.

Então veio o Plano Real, que ajudou a derrubar a inflação e trouxe uma expectativa positiva para a população, com o tripé macroeconômico adotado: câmbio flutuante, superávit primário e regime de metas da inflação.

Entramos no mês de junho de 2024 e o regime de metas da inflação comemora 25 anos com uma política monetária que deve ser considerada um grande sucesso institucional. O regime adotado estabelecia bandas para o controle da inflação, deixando claro o papel do Banco Central na economia.

Sabemos que a função do Banco Central não é alavancar o crescimento econômico, mas sim controlar a inflação e zelar pela estabilidade macroeconômica. A inflação domada é garantia de melhoria nos investimentos, no crescimento e nas condições de vida da população.

O cenário econômico atual preocupa devido a um ambiente global mais hostil, com eleições americanas, guerra na Ucrânia e no Oriente Médio. Como disse o importante economista Armínio Fraga em recente entrevista à Folha de S.Paulo: "O Brasil convive com taxas de juros muito altas há muito tempo, e a pressão tende a crescer. E quando o PIB não cresce, ou cresce pouco, cria-se uma bola de neve de endividamento. Isso põe mais pressão no juro, é um círculo vicioso, e vem também o medo de perda de credibilidade da moeda, com consequências complicadas".

O atual Ministro da Economia, Fernando Haddad, e sua equipe econômica acertam ao focar no controle da inflação, no compromisso fiscal e, sobretudo, no debate sobre isenções fiscais e reforma tributária.

Gerir a economia brasileira nunca foi tarefa fácil, porém, temos muito a comemorar com os 25 anos do regime de metas da inflação, a preocupação com a estabilidade fiscal e o maior patrimônio que um país pode ter: a sua democracia.

Carlos Costa, economista e advogado

 

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