A coluna social do Jornal do Commercio, teve entre meus antecessores, José de Sousa Alencar, o Alex, Durante 30 anos, firmou-se como uma marca no colunismo social do Brasil, além de ter brilhado como escritor, poeta, dramaturgo, apresentador de televisão. Conheci-o na redação do jornal, na Rua do Imperador, quando ia levar o boletim que eu fazia para a Associação Atlética Banco do Brasil. Estava sempre num canto da redação, invariavelmente de paletó e gravata. Mandava eu sentar, conversava, mostrava o papel com a coluna que escrevia para o dia seguinte.
Muitas vezes, participou de festas, a meu convite, na AABB, que na época tinha intensa atividade social. Começou uma amizade que durou muitos anos. Depois, indicou meu nome para fazer a coluna social do Diário da Noite, quando eu assinava a coluna "Nova Geração" no Diario de Pernambuco. Esperava que eu o substituísse nas suas viagens, um hábito que cultivou a vida inteira. Não deu certo.
Alex nasceu no município alagoano de Água Branca, teve uma infância muito pobre, depois que os pais se separaram quando ele tinha seis meses.Ainda jovem, em 1948, veio morar no Recife, depois de rápida passagem por Maceió, onde sua mãe atuou como professora. Trouxe uma paixão pelo cinema. Lembrava que quando criança tinha um vizinho que era operador do projetor do cinema da cidade, que o levava, sem pagar ingresso, para ver os filmes, na sessão das 18h. Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, mas nunca exerceu a advocacia. Optou pelo jornalismo.
Ingressou no Diario de Pernambuco, como redator e passou a assinar uma coluna com crítica de filmes, com o pseudônimo Ralph, inspirado no personagem de uma película que havia visto. Tornou-se amigo dos responsáveis pelas grandes empresas exibidoras de filmes e conseguia ver, antecipadamente, em sessões privadas, o filmes. Que comentava antes da sua estreia. Por sua paixão pelo cinema, conheceu o famoso cineasta Alberto Cavalcanti, apresentado pelo pintor Lula Cardoso Ayres. Acabou convidado por ele para ser assistente de direção do filme "O Canto do Mar."
Depois, foi convidado para ser colunista social do Jornal do Commercio, substituindo Altamiro Cunha. Passou a usar o pseudônimo Alex, inspirado no seu sobrenome Alencar. Tornou-se figura obrigatória em todos os eventos. Quando assumi a coluna social do Diario de Pernambuco, em 1968, já tinha muita relação com ele, no período que eu fazia colunismo jovem e era redator-substituto de Fernando Barrete. Durante décadas, fomos concorrentes, sem nunca deixar de ser amigos. Nunca omiti a admiração que tinha pelo seu trabalho, por sua inteligência.
Morou muitos anos numa casa de dois andares na Rua Dom Bosco, junto da Federação Pernambucana de Futebol, onde estive várias vezes, para conversas com ele. Morava com sua mãe, Dona Sinhá, que sempre oferecia deliciosos docinhos que preparava. Apaixonado pela pintura tinha uma belíssima pinacoteca. Recordo que certa vez, ganhou uma coleção de 100 mini quadros de artistas famosos, que depois doou para uma instituição cultural. Durante um período pintou quadros, que vendia ou presenteava amigos.
Quando teve seu nome indicado para a Academia Pernambucana de Letras, telefonou-me, e fui o primeiro a dar a notícia. Acompanhei sua eleição para a Cadeira 10, que era do escritor Cleofas Nilo de Oliveira e estive na sua posse, em evento concorridíssimo, no espaço de eventos da Matriz da Soledade, que tinha um grande auditório-cinema. A cadeira atualmente é ocupada por Arthur Carvalho, Prestigiou praticamente todos os lançamentos do meu livro "Sociedade Pernambucana." Lançou cinco livros: O Tempo não Retorna", "Cadeira Vazia"(o mais famoso), "Ao Lado de Arcanjo", "Além da Epiderme" e "Anotações do Cotidiano". Escreveu uma peça de teatro que foi mostrada em duas noites, num lotado Teatro Valdemar de Oliveira. Estive lá e lembro que Carmem Peixoto estava no elenco.
Teve uma experiência como professor. Durante alguns anos, ministrou a cadeira ´Etica Social" na Academia da Polícia Militar, que o obrigava a ir, duas vezes por semana para a sede da instituição, em Paudalho, onde ganhou homenagem de várias turmas.
Na próxima semana, continuarei contando histórias de Alex, um dos maiores nomes da história do jornalismo pernambucano.
João Alberto Martins Sobral,