Isabelle Sarmento Figueirôa: "Deus, Jesus e Kardec"

Assim como Jesus veio dar prosseguimento às leis e aos profetas do Antigo Testamento, acreditamos que o Espiritismo é o Cristianismo redivivo.

Publicado em 25/01/2025 às 10:13 | Atualizado em 25/01/2025 às 12:11
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Há quem não considere o Espiritismo uma religião, tampouco uma religião cristã. Há, ainda, quem acredite que Allan Kardec é o nosso Jesus Cristo. Em primeiro lugar, para os espíritas, Jesus é o irmão mais velho, enviado por Deus para testemunhar o amor e a fé, sendo “o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra” (L.E., 625), superando o dogma da Santíssima Trindade. Ao afirmar “eu e o Pai somos uno” (JOA, 10:30), Jesus não se revela divino, pois que não é Deus, mas revela sua plena integração com o Pai, sua comunhão de pensamento com a Suprema Inteligência, sua condição de Espírito puro, porque atingiu o ponto máximo da evolução – a que todos deveremos chegar –, ou seja, até o grau maior de perfeição o qual a criatura comporta.

Como Jesus “já era antes de nós sermos”, uma clara prova de que seu Espírito foi criado antes do nosso, Deus conferiu-lhe a missão de apascentar as ovelhas desgarradas do rebanho desde a Criação do planeta, por isso que também o conhecemos como o governador da Terra, assim como outros tantos messias têm a responsabilidade de presidir outros tantos orbes. Essa concepção não diminui o mestre, muito pelo contrário, torna-o ainda maior a partir da igualdade a que se coloca diante de nós, já que ele mesmo também afirmou que poderíamos fazer o que ele fez e muito mais. Paralelo a isso, Deus jamais poderia encarnar-se como homem, posto que Ele é imaterial e imutável, o Criador Incriado, “Causa Primeira de todas as coisas” (L.E., 1).

Assim como Jesus veio dar prosseguimento às leis e aos profetas do Antigo Testamento (particularmente às leis de Moisés, que trouxe a primeira revelação da Lei Divina com a ideia do monoteísmo), o Espiritismo é o Cristianismo redivivo, revelando saberes que àquela época não seriam compreendidos. Kardec, assim, é o apóstolo cristão da nova era, através do qual o Espírito da Verdade revelou o Consolador Prometido. Assim como atestou Emmanuel, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina. “Jesus, a porta. Kardec, a chave”.

Allan Kardec é considerado o codificador do Espiritismo, uma vez que analisou, organizou, ordenou, enfim, sistematizou as mensagens ditadas pelos Espíritos, o conjunto de preceitos e princípios que, posteriormente, resultaram na Doutrina Espírita. Foi discípulo do educador Pestalozzi, dedicando sua vida às atividades pedagógicas. Seu nome era respeitado e seus livros, adotados pelas universidades, enquanto ainda era o professor Rivail (seu verdadeiro nome era Hippolyte Leon Denizard Rivail), mas a sua missão o chamava a uma tarefa mais onerosa…

A preocupação principal do Espiritismo, portanto, não é com denominações ou rótulos, principalmente daqueles movidos por ignorância e preconceito, mas com a transformação moral das criaturas e com a caridade para com o próximo para, assim, a Humanidade chegar às muitas moradas superiores da Casa do Pai, tendo Jesus como modelo e guia e Kardec como o faroleiro de nossas consciências.

Isabelle Sarmento Figueirôa é jornalista, professora e palestrante espírita

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