Carnaval ou "carne vale"
JOSÉ EDSON FURTADO DE MENDONÇA
Carnaval, entrudo, ou entrada na Quaresma são termos referentes aos três dias (oficiais) de festas momescas que precedem à quarta-feira de cinzas.
Esse período de folia pagã é marcado pelo "adeus à carne", ou "carne nada vale", que originou o termo Carnavale, ou "Carnaval".
Para a Igreja Católica, desde o ano 590 d.C, no dia seguinte à terça-feira de Carnaval, vem a "Quarta-feira de Cinzas" como o marco inicial da Quaresma, período que antecede à Páscoa, e é (era) marcado por grande jejum.
As origens das festividades do “Rei Momo” remontam aos primórdios da civilização greco-romana (com o Deus Dionísio e os Césares), quando os soberanos guerreiros antigos, se entregavam aos prazeres coletivos, comemorando suas vitórias com orgias e bacanais (de Baco) e as Saturnálias (do Rei Saturno), ocasiões em que se imolava uma vítima humana.
Consta igualmente que, o Carnaval foi adaptado pela Igreja Católica e desembarcou no Brasil no Séc. XVII, trazido por portugueses. A miscigenação da tradição européia, com os ritmos musicais da África, criou no Brasil, um dos maiores espetáculos populares do mundo, impactando substancialmente a economia, em setores como turismo, lazer, entretenimento e negócios.
Nos séculos mais recentes, foram mantidas as características negativas de degradação dos valores morais, desintegração familiar e libertinagem, onde “hoje tudo pode” e “uma vez por ano é lícito enlouquecer”. É usual o esquecimento das responsabilidades, para "brincar" sem pensar em nada, "beber até cair", ampliando o consumo de substâncias químicas e resultando em prejuizos coletivos e individuais, como acidentes diversos, desregramentos com desrespeitos aos padrões e regras de convivência social.
Outrossim, ao contrário do que afirma o frevo “Atrás do Trio Elétrico”, de Caetano Veloso, não vão somente os “vivos” (encarnados), como também os “vivos” (desencarnados) que participam em número muito maior, corroborando o que Paulo de Tarso afirma, em (Hb, 12:1), sobre a “nuvem de testemunhas”, referindo-se, segundo o Espiritismo, aos espíritos que nos observam, alcançam e influenciam onde estivermos; aduz igualmente, que essa massa de espíritos, ainda muito materializada, cresce sobremaneira nos dias de realização de festas pagãs, como no Carnaval, aproveitando-se do ambiente favorável das vibrações grosseiras provenientes dos excessos deliberados, protagonizados por muitos.
Além disso, é bastante frequente, após a folia de momo, as mídias estamparem os malefícios e estragos perpetrados causados, em decorrência dos desregramentos de toda ordem praticados, tais como: aumento de homicídios, suicídios, desvarios sexuais, destrambelhamento de famílias, gravidezes não desejadas, resultando muitas vezes em duradouras e cruéis obssessões espirituais.
Nesse contexto, no livro “Nas Fronteiras da Loucura”, o Espírito-autor, Manoel Philomeno de Miranda, que foi médico quando de sua última encarnação aqui, relata episódios protagonizados pelo venerando espírito Bezerra de Menezes, na condução e assistência de equipes socorristas junto a hordas de encarnados, em grande desequilíbrio moral, durante o Carnaval carioca, de 1982. Afirma Bezerra que essa folia guarda vestígios da barbárie e do primitivismo infelizmente ainda reinantes entre encarnados no nosso planeta.
Portanto, compete a cada um de nós deliberar se nos convém, ou não, aderir a eventos carnavalescos, lembrando que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Seria de muito bom proveito, aproveitarmos esse recesso do Carnaval, transformando-o em ótima oportunidade de intensificar orações, trabalhando no bem, pelo bem e para o bem de todos, mui especialmente daqueles que ainda se expõem a desmandos no período de Momo.
José Edson F. Mendonça presta colaboração ao movimento espírita, como escritor, palestrante e diretor do Instituto Espírita Gabriel Delanne, rua São Caetano, 220, Campo Grande - Recife/PE