MÚSICA

Impactado pela crise dos festivais, Abril Pro Rock pausa atividades em 2025

'Não conseguimos o mínimo necessário para arcar com os custos do projeto", diz nota do evento; Ano de 2024 foi marcado por cancelamentos de eventos

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 14/01/2025 às 16:08 | Atualizado em 14/01/2025 às 16:16
Imagem do show da banda The Troops of Doom no Abril Pro Rock de 2023, no Clube Português - THALYTA TAVARES/DIVULGAÇÃO

Em meio ao cenário de crise dos festivais de música, o tradicional Abril Pro Rock anunciou que não realizará a sua edição de 2025 por dificuldades financeiras.

Em nota publicada, o festival explicou que seguiu sendo realizado pela "crença no coletivo", mesmo sem patrocínios expressivos nos últimos anos.

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"No entanto, alguns fatores externos influenciaram negativamente. Não conseguimos o mínimo necessário para arcar com os custos do projeto e o impacto foi grande", diz.

"Não entendam como um adeus. É só um até logo, necessário para que possamos nos reorganizar financeiramente, ficarmos mais fortes e nos reinventarmos".

Crise

Em 2024, o Grande Recife viu o cancelamento de grandes festivais, como Wehoo, Guaiamum Treloso, Rock Remembers e Recife Trap. Eventos como Turá Festival também registraram uma nítida falta de adesão de público.

Os motivos da crise são diversos. Apesar de uma breve demanda por festivais após a pandemia, o período tem sido difícil para eventos, sobretudo aqueles que fomentam cenas do underground.

Imagem do show da banda The Troops of Doom no Abril Pro Rock de 2023, no Clube Português - THALYTA TAVARES/DIVULGAÇÃO

Os preços para produção, logística e cachês aumentaram, o que também elevou os preços dos ingressos. Em contrapartida, o público tem sido cada vez mais criterioso em como irá gastar o seu dinheiro.

A crise é nacional. Festivais do Sudeste, como Primavera Sound ou MITA, foram cancelados em 2024.

Fomentando a cena

RESISTÊNCIA Paulo André, idealizador do Abril pro Rock - PEI FON/ROCK MEETING/DIVULGAÇÃO

O caso do "Abril" reflete os desafios enfrentados por eventos de fomento cultural, especialmente por ser um festival que atualmente investe no nicho do heavy metal e reúne inúmeros artistas independentes.

Seu financiamento vem principalmente do público e de marcas que apoiam o projeto. Para casos como esse, uma alternativa é o fomento público - o No Ar Coquetel Molotov, por exemplo, conseguiu turbinar sua edição de 2024 após aprovação na Lei de Incentivo à Cultura.

Criado em 1993, o Abril Pro Rock fincou o seu nome na história da cultura pernambucana ao tornar-se uma vitrine da efervescência do manguebeat naquela década, chegando a receber jornalistas internacionais e transmissões pela MTV.

Chico Science morreu aos 30 anos, em 2 de fevereiro de 1997 - ALEXANDRE BELEM/ACERVO JC IMAGEM

Entre os shows memoráveis do período estão os de Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Mestre Ambrósio, Devotos, Faces do Subúrbio e Lia de Itamaracá.

Nos últimos anos, o evento tornou-se um dos festivais independentes mais longevos, reunindo tradicionalmente o público do metal underground pernambucano, nordestino e brasileiro durante dois dias seguidos de programação.

Edição de 2024

No texto, o festival ainda ressalta que, graças aos esforços recentes, ainda foi possível trazer bandas expressivas em 2024, como Brujeria, com as presenças de Brujo e Pinche Peache, "pouco antes da partida deles".

"Essas imagens ficarão guardadas nos corações de todos que celebraram o Abril 2024. No entanto, é necessário dar uma pausa".

"Ao nosso público fiel, continue apoiando a cena verdadeira, que acontece nos pequenos clubes, com moshs insanos e um festival de stage dives. As grandes bandas, lá atrás, começaram de algum lugar para chegar onde estão hoje".

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