Evandro Teixeira, referência do fotojornalismo, morre aos 88 anos
Fotógrafo baiano foi ícone do fotojornalismo brasileiro, retratando momentos históricos como a ditadura militar no Brasil e o golpe chileno de 1973

O Brasil perdeu um de seus maiores fotojornalistas nesta quarta-feira (4). Evandro Teixeira, faleceu aos 88 anos, no Rio de Janeiro.
Teixeira estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, e, segundo a família, a causa da morte foi falência múltipla de órgãos devido a complicações de uma pneumonia.
Evandro deixa um legado tanto para o jornalismo quanto para a fotografia brasileira, ao longo de uma carreira que se estendeu por quase sete décadas.
Quem foi Evandro Teixeira?
Baiano de Irajuba, nascido em 1935, Evandro começou cedo a explorar a arte fotográfica. Em uma época em que o acesso à formação era limitado, ele realizou um curso de fotografia à distância, fato que despertou seu interesse pela profissão.
Com apenas 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com uma recomendação para o jornal Diário da Noite.
Ali, ele deu seus primeiros passos no jornalismo e, posteriormente, consolidou sua carreira no Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos e construiu sua trajetória como um dos principais nomes do fotojornalismo nacional.
O fotojornalismo como documento histórico
As lentes de Evandro foram testemunhas de eventos que marcaram a história política e social do Brasil e do mundo, sempre com um olhar crítico e sensível.
Ele registrou cenas emblemáticas do golpe militar de 1964 no Brasil, que instaurou a ditadura.
Uma das fotos mais simbólicas desse período é a de um estudante caindo ao ser perseguido no centro do Rio de Janeiro por dois policiais, imagem que se tornou um símbolo da repressão.
Ainda na década de 70, Evandro foi ao Chile para registrar o golpe militar que levou à morte do então presidente Salvador Allende.
Legado de arte e denúncia
A carreira de Evandro Teixeira foi marcada por uma estética particular, quase sempre em preto e branco, que ressaltava a dramaticidade dos momentos retratados.
Sua capacidade de transformar o registro em arte fez com que suas fotografias se tornassem parte de importantes coleções de museus como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).
Hoje, o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, guarda seu acervo completo.