LUTO NO JORNALISMO

Evandro Teixeira, referência do fotojornalismo, morre aos 88 anos

Fotógrafo baiano foi ícone do fotojornalismo brasileiro, retratando momentos históricos como a ditadura militar no Brasil e o golpe chileno de 1973

Cadastrado por

Maria Letícia Menezes

Publicado em 04/11/2024 às 18:58
Imagem: Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do fotojornalismo no Brasil. O baiano faleceu aos 88 anos, no Rio de Janeiro. - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Brasil perdeu um de seus maiores fotojornalistas nesta quarta-feira (4). Evandro Teixeira, faleceu aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

Teixeira estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, e, segundo a família, a causa da morte foi falência múltipla de órgãos devido a complicações de uma pneumonia.

Evandro deixa um legado  tanto para o jornalismo quanto para a fotografia brasileira, ao longo de uma carreira que se estendeu por quase sete décadas.

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Quem foi Evandro Teixeira?

Baiano de Irajuba, nascido em 1935, Evandro começou cedo a explorar a arte fotográfica. Em uma época em que o acesso à formação era limitado, ele realizou um curso de fotografia à distância, fato que despertou seu interesse pela profissão.

Com apenas 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com uma recomendação para o jornal Diário da Noite.

Ali, ele deu seus primeiros passos no jornalismo e, posteriormente, consolidou sua carreira no Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos e construiu sua trajetória como um dos principais nomes do fotojornalismo nacional.

O fotojornalismo como documento histórico

As lentes de Evandro foram testemunhas de eventos que marcaram a história política e social do Brasil e do mundo, sempre com um olhar crítico e sensível.

Ele registrou cenas emblemáticas do golpe militar de 1964 no Brasil, que instaurou a ditadura.

Uma das fotos mais simbólicas desse período é a de um estudante caindo ao ser perseguido no centro do Rio de Janeiro por dois policiais, imagem que se tornou um símbolo da repressão.

Imagem: policiais perseguem estudante durante manifestação contra a ditadura militra. Esta é uma das fotografias mais emblemáticas de Evandro Teixeira. Rio de Janeiro, RJ, 21/06/1968. - Evandro Teixeira/Acervo IMS

Ainda na década de 70, Evandro foi ao Chile para registrar o golpe militar que levou à morte do então presidente Salvador Allende.

Legado de arte e denúncia

A carreira de Evandro Teixeira foi marcada por uma estética particular, quase sempre em preto e branco, que ressaltava a dramaticidade dos momentos retratados.

Sua capacidade de transformar o registro em arte fez com que suas fotografias se tornassem parte de importantes coleções de museus como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

Hoje, o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, guarda seu acervo completo.

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