Festival MADA mantém viva sua identidade em ano de crise do setor
Em meio a imprevisto técnico, a 21ª edição do MADA reafirmou seu compromisso com a diversidade musical, trazendo performances marcantes de artistas

Em um ano difícil para os festivais de música no Brasil, o MADA (Música Alimento da Alma), em Natal (RN), conseguiu manter o seu propósito: ser uma vitrine da música contemporânea.
Abrangendo gêneros como pop, rap, MPB e indie, o festival promoveu uma diversidade de sotaques, identidades e estilos em sua 21ª edição, realizada na Arena das Dunas, onde está sediado desde 2014, na última sexta-feira (19) e sábado (20).
A programação trouxe grandes nomes como Xande de Pilares, Pitty, Duda Beat, BK, BaianaSystem, Djonga e FBC, oferecendo ao público uma verdadeira amostra da música atual.
No primeiro dia, a organização foi elogiada, com shows pontuais. No entanto, o segundo dia teve momentos de tensão quando um problema técnico no som do palco direito interrompeu o show do rapper Djonga por cerca de 30 minutos.
Ainda assim, Djonga retornou ao palco para concluir sua apresentação, demonstrando profissionalismo. O imprevisto fez com que os DJs Geni e Omoloko, que encerrariam a noite, tivessem que realizar um set conjunto (B2B).
Destaque feminino
O destaque da sexta-feira foi o protagonismo feminino. Pitty, com duas décadas de estrada, entregou um show enérgico, revisitando sucessos que marcaram sua carreira. A surpresa veio no final, quando encerrou a apresentação com "Serpente", do álbum Sete Vidas (2014), em vez de fechar com um hit mais antigo, como costuma fazer.
Duda Beat também brilhou com um show vibrante da "Tara e Tal Tour", marcado por coreografias e um figurino despojado que remetia a um estilo grunge. Duda demonstrou sua liberdade artística ao escolher o repertório sem se prender ao sucesso comercial. A resposta do público, porém, mostrou o quão sólida é sua conexão com os fãs. Também não faltaram hits como "Tangerina" (com Tiago Iorc), "Bixinho", "Meu Jeito de Amar" e o lead single do novo álbum, "Saudade de Você".
Xande de Pilares, por sua vez, trouxe ao palco o aclamado Xande Canta Caetano, indicado ao Grammy Latino, mas ironicamente o público vibrou mais com suas interpretações de clássicos da MPB que não estavam no álbum e até mesmo os sucessos do grupo Revelação.
O rapper BK, com seu ótimo álbum ICARUS (2022), parecia um pouco deslocado em meio às demais atrações do dia. Embora seu trabalho seja sólido, o clima não favoreceu tanto uma noite de rap.
Rap e Baiana System
No sábado, a Arena das Dunas já estava lotada por volta das 20h30, com o público aguardando o show da rapper carioca Ebony. Em sua estreia na cidade, Ebony apresentou um espetáculo teatral, mesclando performance, rap e momentos de dança ao som de funk, cativando a plateia com sua presença de palco.
A noite também contou com a baiana Duquesa, que impressionou com seu "flow" marcante, atraindo uma multidão em frente ao palco.
BaianaSystem, como esperado, fez o show mais vibrante do festival, incendiando a plateia e justificando sua presença constante no line-up do MADA. Já Djonga, apesar do contratempo técnico, finalizou sua apresentação com maestria, provando ser um dos grandes nomes do rap nacional.
FBC encerrou sua participação explorando os ricos instrumentais de seu último disco, "O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta", que traz uma fusão entre dance music e influências de Jorge Ben.
Entre as surpresas da noite, o projeto local Taj Ma House se destacou, trazendo uma performance de house music com vocais poderosos de Janvita, Clara Luz e Elisa Bacche, conquistando o público e fechando o evento com uma boa impressão.