Morre Sérgio Mendes, ícone na exportação da música brasileira, aos 83 anos
Músico do Rio de Janeiro ajudou a popularizar ritmos brasileiros, como a bossa nova, ao lado de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell

Ícone da música brasileira, o pianista e compositor Sérgio Mendes morreu aos 83 anos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, nesta sexta-feira (6). A informação foi confirmada por familiares. A causa ainda não foi revelada, mas o artista enfrentava problemas respiratórios há dois anos.
Mendes deu uma grande contribuição para a música popular brasileira, passeando por ritmos como bossa-nova, do samba-rock e da MPB, ao lado de nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell.
Explorou uma inesgotável fonte de uma música cativante, na qual misturava habilmente a cadência do samba, o groove do jazz, as sutis harmonias vocais da bossa nova e o refinamento do pop californiano.
Seu maior sucesso foi "Mas Que Nada", de Jorge Ben Jor, que ele regravou nos anos 1960, tornando a composição uma das mais reconhecidas do Brasil no exterior. Nos anos 2000, a música foi sampleada pelo grupo norte-americano Black Eyed Peas.
Biografia
Sérgio Mendes nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e começou a carreira no início dos anos 1960, estimulado pela bossa nova.
Formou o Sexteto Bossa Rio e logo começou a excursionar pela Europa e Estados Unidos, país onde se fixou em 1964, depois de deixar definitivamente o Brasil após ser convocado para dar um depoimento ao governo militar.
Logo em seguida, lançou o lendário grupo Sérgio Mendes & Brasil 66, que tinha como uma das vocalistas a cantora Gracinha Leporace, com quem Mendes era casado.
Músico vivia nos EUA
Sérgio Mendes vivia há 60 anos em Los Angeles, nos Estados Unidos, com sua esposa Gracinha Leporace, com quem estava casado há 50 anos. Mendes mudou-se para o exterior após realizar uma turnê ao lado de Frank Sinatra e após o início da ditadura militar no país.
Um de seus discos mais importantes lançados no exterior foi com sua banda Brasil ’66, que contava com uma versão de "Fool On The Hill", lançada pelos Beatles nos anos 1960. A regravação foi aprovada pelo próprio Paulo McCartney.
Despedida
"Descanse em paz, querido gênio", disse Milton Nascimento, uma das primeiras celebridades a reagir à morte de Mendes, em uma publicação no Instagram. "Foram muitos anos de amizade, colaborações e música", acrescentou.
"Sou muito curioso, gosto de aprender, é por isso que falo francês de ouvido", afirmou Sergio Mendes em uma entrevista à AFP em Paris, em 2014.
"A raiz da minha música é brasileira. No Brasil, temos uma bela diversidade cultural e musical, entre a música da Bahia, do Rio de Janeiro, a música clássica, os ritmos que chegaram da África", destacou na ocasião.