Maddam Music celebra união e representatividade feminina na cena da música eletrônica do Recife
Coletiva criada em 2017 completa 7 anos de ativismo na produção artística de mulheres para a cadeia da música eletrônica na capital pernambucana

A coletiva Maddam Music, fundado com o objetivo de reunir profissionais do ramo da música eletrônica com um recorte para o gênero feminino, celebra aniversário com festa no próximo dia 20 de julho, a partir das 21h, no Frege, localizado na Av. Rio Branco, no Recife Antigo. O som fica por conta das DJs Nadejda, Makeda, Afrobitch, Madu, IAS, Jorja, Eleva e Cherolainne.
Maddam Music é uma coletiva artística formada exclusivamente por mulheres (cis, trans e travestis) que atuam como produtoras musicais, DJs, VJs, performers, pesquisadoras e profissionais da área técnica da música, roadies, iluminadoras, cenógrafas, entre outras. Com sede no Recife, o projeto surgiu a princípio, como uma ferramenta de fortalecimento para a empregabilidade, aperfeiçoamento profissional e criação de uma rede de apoio voltada principalmente para a inclusão de mulheres na cadeia produtiva da cena de música eletrônica local.
“Entendemos que para garantir a efetiva representação feminina na cena de música eletrônica da nossa cidade era necessário inserir mais mulheres nos line ups, nas apresentações artísticas visuais e na produção dos eventos. A cidade mantinha uma cena eletrônica efervescente há décadas com ínfima participação de mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ nessas posições", explica Makeda, uma das produtoras que criou a coletiva artística.
"Diante de um processo de fortalecimento mutuo e de conexão com outras mulheres, passamos a estabelecer uma rede de troca de experiências e de conhecimentos técnicos. Com o tempo decidimos montar nossos próprios eventos para promover a empregabilidade feminina e LGBTQIAPN+ em todas as áreas possíveis. Contratamos apenas artistas mulheres para os Line ups e para as equipes de produção e algumas áreas técnicas. Formatamos um movimento dentro da cena de música eletrônica só com mulheres, pessoas trans e não bináries entre artistas e equipe de produção. Assim surgiu a Maddam como uma proposta de protagonismo feminino e LGBTQIAPN+ para a cena de musica eletrônica local”, cita Nadejda, outra fundadora da Maddam Music.
A Maddam Music mantém há 7 anos uma contínua injeção de novas artistas entre DJs e produtoras musicais, através da formação técnica especializada desenvolvida no estúdio localizado no centro do Recife como também através da iniciativa Maddam Music LAB, uma conferência de 3 dias onde ocorrem oficinas, cursos e palestras, além das rodas de diálogo para troca de experiências e dos shows de artistas da coletiva. Uma oportunidade para jovens talentos se desenvolverem em contato com artistas e profissionais já consagradas, formando ainda uma rede de apoio e fortalecimento mútuo entre as participantes.
"O Maddam Music LAB foi pensado como uma ferramenta para provocar uma mudança significativa na cena cultural. É onde conseguimos disseminar conhecimento técnico, musical e de desenvolvimento de carreira, impulsionando a trajetória de novas agentes para o mercado da música", explica Nadejda.
Desde 2017, a Maddam Music mantém um portal www.maddammusic.com com o portfólio de todas as artistas que participam da coletiva, com os projetos que elas desenvolvem, e com conteúdo sobre música em formato de programa de rádio criado para contar a história da música eletrônica.
Foi através do edital de ocupação para a grade de programação da Rádio Frei Caneca FM que as produtoras encontraram um meio de falar sobre música eletrônica para o grande público. Um projeto desenvolvido através do olhar e da pesquisa aprofundada das produtoras Nadejda e Makeda, junto com a DJ Monique Lupe e da jornalista Karoline Fernandes.
O programa Techtrônica ocupou entre 2020 e 2022 a grade de programação da rádio Frei Caneca com 48 edições de 1hora, trazendo a cada semana um gênero ou estilo diferente da música eletrônica, que era apresentado em uma abordagem didática, contando a história de cada estilo sonoro, além de entrevistas com artistas e produtoras locais. "A Techtrônica foi uma experiência muito importante para nós, principalmente por podermos falar de cada gênero dentro da música eletrônica, formando novos públicos, contando a história e exaltando a participação feminina nesse contexto. Foi uma pesquisa minuciosa e trabalhosa, mas muito gratificante de apresentar aos ouvintes", cita Nadejda.
"Foi muito valioso poder resgatar fatos, discos e músicas para contar a história de tantas personagens que foram apagadas dos holofotes da indústria fonográfica por conta do preconceito", disse Maked.
Informações do evento no Instagram da coletiva, @maddammusic. Ingressos a partir de 20 reais, com lista free para pessoas trans e pcds.