
O vírus HIV, de meados da década de 80, entrando pela de 90, foi devastador. Na música, em particular; levou dezenas de artistas, a imensa maioria no auge da criatividade. Como aconteceu aqui com Cazuza (morto aos 32 anos), ou Renato Russo (aos 36). O vírus não poupou idade nem estilo.
Matou Tom Fogerty, do Creedence Clearwater Revival, que o contraiu numa transfusão de sangue. Ele faleceu em 1990 (aos 48 anos). Vitimou Esquerita, um roqueiro dos anos 50, cópia exagerada de Little Richard, que nunca foi além do cult. Morreu em 1986 (aos 51 anos) Foi o algoz do nigeriano Fela Kuti, o controverso criador do afrobeat, que vivia com mais de duas dezenas de mulheres, e se recusava a usar preservativos, não considerava o HIV tão moral quanto se noticiava, para ele era mais um artifício do colonizador branco. Fela Kuti.morreu en 1997 (aos 59 anos) .
Embora Freddie Mercury seja a vítima mais célebre do HIV, a mais polêmica foi a israelense Ofra Haza, de ascendência iemenita, extremamente popular no Oriente Médio, com o sucesso atravessando fronteiras, emplacando também na Europa e EUA. Fazia música pop, com raízes do oriente, e batidas eletrônicas, participou de filmes, está na trilha de vários blockbusters dos anos 80 e 90, foi uma preferida de DJs ao redor do planeta. Ofra Haza morreu em 2000, em consequência de uma pneumonia.
Quando foi anunciado que foi infectada com o HIV, o preconceito entre os fãs foi mais forte do que a perda. Acusaram o marido de tê-la contaminado, o que foi confirmado pelo empresário da cantora. O jornalismo cultural virou jornalismo investigativo para descobrir a origem de a cantora de HIV positiva. Nunca se soube. O marido morreria no ano seguinte, de overdose. Ofra Haza morreu aos 41 anos.
A lista é longa e lamentável. 40 anos depois, o HIV está menos feroz, aparece pouco na mídia, mas continua matando, como continua o corona vírus, que as pessoas já começam a desdenhar.

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