Um empresário é acusado de matar a tiros o turista norte-americano David Barbosa de Carvalho, de 42 anos, em Setúbal, na Zona Sul do Recife. Imagens de uma câmera ajudaram a Polícia Civil a esclarecer o crime, ocorrido na madrugada de 15 de janeiro deste ano.
Denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), aceita pela Justiça na última terça-feira (11), apontou que Felipe Rocha de Hollanda Cavalcanti, 55, foi o autor dos tiros que atingiram David. Ele teve a prisão preventiva decretada, mas o acusado ainda está foragido.
Testemunhas contaram à polícia que David e Felipe estavam bebendo no bar Flor do Mangue, na Rua Major Armando de Souza, quando houve uma discussão porque o empresário teria questionado uma dívida de R$ 40 que o norte-americano tinha com a proprietária do estabelecimento.
Felipe deixou o bar e seguiu até a casa dele, onde pegou um revólver e voltou ao local.
Imagens de uma câmera de segurança mostraram ainda que outro homem chegou a conversar com o empresário. E que, no momento em que David se aproximou dos dois, os tiros foram disparados. No vídeo, é possível observar que, mesmo caída no chão, a vítima recebeu mais tiros.
Dias após o crime, o empresário se apresentou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento e alegou ter atirado em legítima defesa. Como não houve flagrante, ele foi ouvido e liberado. A arma de fogo foi entregue e passou por perícia.
Com o fim das investigações, o MPPE pontuou, na denúncia, de que a versão de legítima defesa não se sustenta, visto que a vítima estava desarmada e foi atingida de surpresa. Por isso, apresentou o parecer favorável à decretação da prisão do acusado, sendo a medida determinada pelo juiz Abner Apolinário da Silva, da 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.
O JC não conseguiu contato com a defesa do empresário. O espaço segue aberto.
PEDIDO DE JUSTIÇA
Em entrevista exclusiva à TV Jornal, a mãe e a irmã de David contaram que ele, apesar de ser norte-americano, era filho de pais brasileiros. Natural da Califórnia, ele estava no Recife havia cinco meses, e providenciava a documentação para se mudar de vez para o Brasil.
"São dois meses que meu filho foi morto. Desde então, não tenho um dia de paz. Não tenho uma noite inteira de dormir. É uma coisa que nenhum pai deve passar, muito menos da maneira que foi, muito cruel, muito covarde. É uma dor que não tem como curar", disse Soraya Gueiros, mãe de David.
Irmã do turista, Derireé Barbosa descreveu como ele era no dia a dia.
"Ele era uma pessoa que sempre protegia a gente. Pessoa carinhosa, generosa. Ele trabalhava muito para tentar fazer com que minha mãe tivesse uma vida melhor. Ele amava a praia, queria morar no Brasil porque gostava da vida mais simples que tinha aqui", afirmou.
(Com colaboração de Yan Victor Avelino, da TV Jornal)