Notícias sobre segurança pública em Pernambuco, por Raphael Guerra

Segurança

Por Raphael Guerra e equipe
VIOLÊNCIA POLICIAL

Chacina em Camaragibe: Justiça ouve testemunhas e PMs acusados do crime nesta sexta-feira (6)

Audiência de instrução e julgamento é relacionada ao triplo homicídio dos irmãos do vigilante Alex da Silva Barbosa, ocorrido em setembro de 2023

Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 05/12/2024 às 13:00
Sequência de assassinatos após mortes de dois policiais, em setembro de 2023, chocou o País - REPRODUÇÃO

A primeira audiência de instrução e julgamento de 12 policiais militares acusados de participação na chacina ocorrida em Camaragibe, no Grande Recife, em setembro de 2023, será realizada a partir desta sexta-feira (6), no fórum do município. 

Seis testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), e 77 de defesa, convocadas por advogados dos policiais, serão ouvidas inicialmente, a partir das 9h. Na sequência, será a vez do interrogatório dos réus. A imprensa não foi autorizada pela Justiça a acompanhar a audiência, sob o argumento de "questão de segurança". 

Sentarão no banco dos réus: 

Fábio Roberto Rufino da Silva, na época comandante do 20º Batalhão da PM;

Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco, que ocupava o segundo posto de comando da inteligência da PM;

João Thiago Aureliano Pedrosa Soares, 1º tenente;

Paulo Henrique Ferreira Dias, soldado;

Leilane Barbosa Albuquerque, soldado;

Emanuel de Souza Rocha Júnior, soldado;

Dorival Alves Cabral Filho, cabo;

Fábio Júnior de Oliveira Borba, cabo;

Diego Galdino Gomes, soldado;

Janecleia Izabel Barbosa da Silva, cabo;

Eduardo de Araújo Silva, 2º sargento;

Cesar Augusto da Silva Roseno, 3º sargento.

Por conta da quantidade de depoimentos, a juíza Marília Falcone Gomes já agendou o dia 13 de dezembro para a continuação da audiência. 

ENTENDA A SEQUÊNCIA DE CRIMES

A chacina de Camaragibe, como o crime ficou conhecido nacionalmente, ocorreu após as mortes do soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e do cabo Rodolfo José da Silva, 38, no bairro de Tabatinga, em 14 de setembro do ano passado.

Os PMs foram ao local após receberem a denúncia de que o vigilante Alex da Silva Barbosa, 33, estaria fazendo disparos de arma de fogo. Quando eles chegaram, houve correria e troca de tiros. A investigação apontou que Alex matou os dois militares e ainda atingiu uma vizinha, Ana Letícia Carias, que estava grávida. Ela morreu semanas depois, mas a bebê sobreviveu. 

A investigação indicou que, logo após as mortes dos militares, colegas de farda deram início a uma operação de vingança contra o principal suspeito, Alex. Horas depois, os três irmãos dele, Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25, foram assassinados. O crime chegou a ser transmitido ao vivo por uma live feita por Ágata. 

Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25,foram mortos por policiais militares - REPRODUÇÃO

Os corpos da mãe, Maria José Pereira da Silva, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27, foram encontrados no dia seguinte em Paudalho, município vizinho. Alex, em nova troca de tiros com PMs, também morreu. 

Diálogos entre os PMs obtidos por meio da análise dos celulares deles mostram que eles comemoraram as mortes de familiares de Alex. "Tô feliz, tem que ser assim", disse uma das mensagens. 

POLICIAIS SÃO ACUSADOS POR TRIPLO HOMICÍDIO

Essa audiência de instrução e julgamento dos policiais militares é referente apenas aos assassinatos dos irmãos de Alex.

Os militares respondem por triplo homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas). 

O inquérito referente aos assassinatos da mãe e esposa do vigilante ainda está sob investigação da Polícia Civil, sem previsão de conclusão.

Sobre a morte de Alex, a investigação foi arquivada, porque a conclusão foi de legítima defesa. 

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Fábio Roberto Rufino, que foi apontado pelo Ministério Público como um dos líderes da operação de vingança contra os parentes de Alex, negou qualquer participação na chacina. Em entrevista ao JC, em março deste ano, ele afirmou que a "verdade irá chegar". 

CINCO POLICIAIS SEGUEM PRESOS

Dos 12 policiais militares que viraram réus, cinco estão presos preventivamente desde dezembro do ano passado: Paulo Henrique, Dorival Alves, Leilane Barbosa, Emanuel e Fábio Júnior. Os outros sete estão afastados das funções públicas por determinação da Justiça.

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