Os Estados Unidos enfrentam o maior surto de sarampo em anos. Até 14 de março de 2025, foram registrados 301 casos da doença. Em dois meses e meio, já são 16 casos a mais do que os registrados em todo o ano de 2024. Até agora, uma morte foi confirmada e outra está sob investigação. A última morte registrada por sarampo no País foi em 2015.
Os casos deste ano começaram no Texas e espalharam-se para o Novo México, mas já foram registrados casos de sarampo neste período no Alasca, Califórnia, Flórida, Geórgia, Kentucky, Maryland, Nova Jersey, Cidade de Nova York, Estado de Nova York, Pensilvânia, Rhode Island, Vermont e Washington.
Entre os 301 casos registrados, 103 (34%) são de crianças com menos de 5 anos, 126 (42%) de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos, e 63 (21%) de adultos com mais de 20 anos. O restante não teve a idade especificada.
95% dos infectados têm status de vacinação classificado como "não vacinado ou desconhecido". 3% receberam uma dose e 2% completaram o esquema vacinal com as duas doses recomendadas.
O secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., cético em relação às vacinas, afirmou que a vacinação continua sendo uma escolha pessoal. As autoridades de saúde no oeste do Texas estão preocupadas com moradores que têm recorrido a remédios sem comprovação científica, incentivados por Kennedy Jr.
Europa e Ásia também enfrentam uma crise similar. Em 2024, foram registrados um total de 127.350 casos, o dobro do que havia sido contabilizado em 2023 e o maior número desde 1997.
Sarampo no Brasil
Após cinco anos, o Brasil recuperou o certificado de país livre do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em 2024. Até então, o último caso havia sido registrado em 2022, no Amapá.
Entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro confirmou, nesta sexta-feira (14), dois casos de sarampo em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. São duas crianças da mesma família e foram atendidas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município, no dia 2. Elas receberam alta médica na quinta-feira (13) e passam bem.
Em fevereiro deste ano, a secretaria já tinha confirmado um caso isolado de sarampo, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio, em uma criança de 6 anos de idade, cuja suspeita para o sarampo havia sido constatada em outubro do ano passado. Os casos de Itaboraí e São João de Meriti não têm relação entre si, de acordo com a vigilância epidemiológica estadual.
Em Pernambuco, o último caso registrado foi em 2020.
Contágio e sintomas
O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada pelo vírus do gênero Morbillivirus. Seus primeiros sintomas são semelhantes aos de uma gripe, incluindo febre alta, tosse seca, coriza e conjuntivite.
Com o avanço da infecção, podem surgir pequenas manchas brancas na mucosa bucal, conhecidas como manchas de Koplik, um sinal característico da doença. Entre o terceiro e o quinto dia, aparecem manchas vermelhas na pele, que começam no rosto e se espalham pelo corpo. A febre tende a se intensificar nesse período, podendo ultrapassar 39°C.
A transmissão do sarampo ocorre pelo contato com gotículas expelidas por pessoas infectadas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus pode permanecer no ar por algumas horas, aumentando o risco de contágio em ambientes fechados.
Além disso, a doença pode ser transmitida antes mesmo do aparecimento das manchas, o que dificulta a identificação precoce dos casos. Pessoas não vacinadas são as mais vulneráveis, tornando a imunização essencial para o controle da doença.
Vacinação
No Brasil, o esquema vacinal contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e inclui duas doses da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
A primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de idade e a segunda, aos 15 meses, quando a criança recebe a vacina tetraviral, que também protege contra a varicela (catapora).
Caso alguém não tenha sido vacinado na idade correta, ainda é possível ser imunizado na fase adulta. Pessoas de até 29 anos devem receber duas doses da tríplice viral, enquanto aqueles entre 30 e 59 anos precisam tomar pelo menos uma dose.
Profissionais de saúde, independentemente da idade, devem ter o esquema vacinal completo com duas doses. Em situações de surtos, o Ministério da Saúde pode recomendar a vacinação de bebês a partir de seis meses, conhecida como "dose zero", que não substitui as demais do calendário vacinal.
Quem não tem certeza se foi vacinado pode procurar uma unidade de saúde para verificar a caderneta de vacinação ou, se necessário, receber as doses recomendadas.