O mês de fevereiro traz duas datas importantes para conscientização sobre os riscos do álcool: o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo (18) e o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo (20).
O tema ganha ainda mais relevância diante dos dados alarmantes divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): em 2019, o consumo de álcool foi responsável por 104,8 mil mortes no Brasil, uma média de 12 óbitos por hora.
Homens representaram 86% dessas mortes, muitas relacionadas a doenças cardiovasculares, acidentes e violência. Já entre as mulheres, que correspondem a 14% dos casos, mais de 60% das mortes foram causadas por doenças cardiovasculares e diferentes tipos de câncer.
Impactos do álcool na saúde
O hepatologista Rafael Ximenes, do Órion Complex, alerta sobre os diversos problemas causados pelo consumo excessivo de álcool. “Os riscos vão desde questões sociais, como conflitos familiares, problemas no trabalho e envolvimento em acidentes e situações de violência, até graves danos à saúde”, explica.
O especialista destaca que o álcool afeta todo o organismo, aumentando o risco de doenças como cirrose, pancreatite, demência, neuropatia periférica, insuficiência cardíaca, arritmias e diversos tipos de câncer.
Além disso, por ser altamente calórico, o álcool pode levar ao sobrepeso, obesidade e desnutrição, especialmente em pessoas que substituem refeições por bebidas alcoólicas.
Rafael Ximenes ressalta que, por ser uma “droga legalizada”, o álcool muitas vezes não é visto como um problema. “Ele é socialmente aceito, o que dificulta o reconhecimento dos malefícios. Ver pessoas próximas consumindo bebidas alcoólicas faz com que muitos normalizem o uso abusivo”, afirma.
O médico também alerta para os riscos do consumo precoce. “Quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior o risco de dependência e de problemas de saúde no futuro. A curto prazo, há maior probabilidade de envolvimento em acidentes, violência e comportamentos sexuais de risco”, explica.
Sinais de alerta
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não há limites seguros para o consumo de álcool.
No entanto, o hepatologista sugere uma referência para consumo de baixo risco: até sete doses por semana, com no máximo quatro doses em uma única ocasião (sendo uma dose equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de vinho de 125 mL ou 40 mL de destilados).
“Essa orientação não se aplica a pessoas que já têm doenças relacionadas ao álcool, como cirrose”, ressalta.
Ximenes também lista sinais de alerta para identificar o alcoolismo: “Beber diariamente ou quase diariamente, ter dificuldade para parar, deixar de cumprir obrigações por causa da bebida, sentir culpa após beber e receber recomendações de familiares ou profissionais de saúde para reduzir o consumo são indicativos de que algo está errado”.
Em épocas de festas, como o Carnaval, muitas pessoas exageram no consumo de álcool. O hepatologista orienta: “É possível aproveitar sem exageros. Beber devagar, limitar a quantidade, alimentar-se enquanto bebe e hidratar-se bem são medidas que ajudam a evitar problemas”.