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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
Saúde da mulher

Endometriose pode aumentar em 20% o risco de infarto e AVC, aponta estudo

Pesquisa dinamarquesa alerta para a relação entre a condição ginecológica e o risco cardiovascular elevado em mulheres diagnosticadas com a doença

Cadastrado por

Maria Letícia Menezes

Publicado em 10/10/2024 às 21:19
Imagem: mulher com fortes cólicas, sintoma comum da endometriose. - Reprodução/Freepik

A endometriose, conhecida por causar intensas dores pélvicas e complicações na fertilidade, também pode estar relacionada a um risco elevado de problemas cardiovasculares.

De acordo com pesquisa recente realizada pelo Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, mulheres com essa condição podem ter um risco 20% maior de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).

O estudo, apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2024), em Londres, acende um alerta importante sobre a saúde cardíaca dessas pacientes.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, a ginecologista Zaira Aragão, a principal hipótese para essa associação está diretamente relacionada ao fator inflamatório

 "A endometriose aumenta a inflamação e, como é uma doença inflamatória crônica, ela aumentaria a formação de trombos e, consequentemente, o risco de infarto", explica.

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O que é endometriose?

A endometriose é uma condição ginecológica caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio — a camada que reveste o interior do útero — nos ovários, trompas de falópio e a superfície externa do útero.

Esse tecido, que deveria estar apenas dentro do útero, reage às mudanças hormonais do ciclo menstrual, ou seja, ficando mais espesso e em seguida, desintegrando e sangrando, assim como o endométrio normal.

Entretanto, o sangue resultante não tem para onde ir, o que pode provocar inflamação, dor, formação de cicatrizes e aderências (tecido fibroso que pode unir órgãos).

Os sintomas da endometriose variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

Risco de AVC e infarto

 

Imagem ilustrativa: mulher passando por infarto. - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Os pesquisadores do Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, utilizaram um banco de dados robusto, que englobava informações de saúde de mulheres diagnosticadas com endometriose entre 1977 e 2021.

O estudo analisou os casos de 60.508 mulheres com a doença, comparando-os com um grupo controle de 242.032 mulheres sem o diagnóstico.

Durante um período médio de 16 anos, os pesquisadores investigaram a incidência de problemas cardiovasculares como infarto, arritmias, AVC e insuficiência cardíaca.

Entenda os resultados

Os resultados do estudo mostram que as mulheres com endometriose apresentaram um risco 20% maior de desenvolver problemas cardíacos ao longo da vida.

Diversos fatores foram levados em consideração pelos pesquisadores, como nível socioeconômico, grau de educação e histórico médico das participantes.

"O fator inflamatório é um fator responsável pelo aumento do risco cardiovascular. A gente vai ver isso em todas as doenças que são doenças inflamatórias crônicas",  ressalta a ginecologista Zaira Aragão.

Maneiras de melhorar os sintomas e reduzir o risco

Para as mulheres que convivem com a endometriose, a adoção de hábitos saudáveis pode ser uma maneira eficaz de minimizar tanto os sintomas da doença quanto os riscos cardiovasculares.

"Quando a gente pensa em qualquer doença inflamatória crônica, a gente vai lá para os pilares básicos da desinflamação do corpo", ressalta a especialista em saúde feminina.

A prática regular de exercício físico, a alimentação balanceada e a redução de fatores inflamatórios, como o consumo de álcool e a privação do sono, são algumas das principais recomendações para essas pacientes.

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A importância do diagnóstico precoce

Imagem ilustrativa: médico ginecologista segurando protótipo que representa sistema reprodutor feminino. - Reprodução/Freepik

Diante da perspectiva sobre os riscos cardiovasculares, a importância do diagnóstico precoce da endometriose ganha ainda mais relevância.

"Quanto mais precoce a gente faz diagnóstico, mais cedo a gente trata, mais cedo a gente muda isso daí e a gente tende a ter uma melhor evolução ao longo da vida", afirma a médica.

Além de reduzir as chances de complicações cardiovasculares, o diagnóstico precoce ajuda a prevenir outros problemas associados à endometriose, como infertilidade e piora da qualidade de vida.

VEJA TAMBÉM: VIDEOCAST SAÚDE E BEM ESTAR | CÂNCER DE MAMA

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