Diabetes em crianças: saiba qual o valor da glicose por idade
Entenda como a diabetes pode afetar as crianças

O diabetes mellitus é uma condição crônica desencadeada pela insuficiência parcial ou total de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas que regula os níveis de glicose no sangue. Essa enfermidade impacta a forma como o corpo metaboliza a glicose dos alimentos e pode manifestar-se em todas as faixas etárias, inclusive em crianças.
A ausência de insulina impede a transformação e transporte adequados do açúcar para as células, resultando no acúmulo de glicose na corrente sanguínea, caracterizando um estado de hiperglicemia, ou seja, excesso de açúcar.
Essa deficiência pode ser originada por fatores genéticos ou adquiridos, como obesidade, sedentarismo e hábitos alimentares inadequados. Prossiga com a leitura para compreender os riscos associados ao diabetes infantil e as formas adequadas de tratamento.
Tipos de diabetes em crianças
O diabetes em crianças pode se manifestar de duas formas: tipo 1 e tipo 2. A distinção entre essas doenças reside na causa subjacente da deficiência de insulina e do aumento da glicose no sangue.
A maioria dos casos de diabetes infantil é do tipo 1, resultante de um processo autoimune no qual o corpo produz anticorpos contra as células beta pancreáticas, levando à insuficiência de insulina.
Por outro lado, o diabetes tipo 2 é fortemente influenciado por fatores genéticos, agravados pela obesidade e pelo sedentarismo. Embora seja mais prevalente em adultos, observa-se um aumento significativo de casos em crianças nas últimas décadas, correlacionado ao aumento da obesidade infantil.
A incidência e prevalência do diabetes entre crianças variam entre os países, sendo menor na Europa e mais expressiva em nações latinas e asiáticas.
Diabetes tipo 1 em crianças
O tipo 1 é o mais comum entre as crianças, respondendo por dois terços dos novos casos nessa faixa etária. Estima-se que 1 em cada 350 crianças e adolescentes convivam com essa condição.
Nos últimos anos, observou-se um aumento considerável da incidência de diabetes tipo 1 em crianças menores de 5 anos. Nesse estágio, o controle e diagnóstico tornam-se desafiantes, dada a irregularidade das atividades infantis, a dificuldade na identificação de sintomas e as rápidas mudanças nos padrões alimentares. Este é um período no qual o tratamento depende inteiramente do envolvimento da família.
Sintomas de diabetes infantil
Frequentemente, os sintomas do diabetes infantil surgem quando a situação já atingiu um estágio avançado, com níveis de insulina no corpo da criança drasticamente baixos. Portanto, esteja alerta se seu filho manifestar subitamente alguns destes sinais:
- Aumento na quantidade de urina;
- Sede intensificada e consumo excessivo de água;
- Fadiga;
- Turvação visual;
- Perda de peso rápida;
- Aumento do apetite;
- Falta de vontade para brincar;
- Irritabilidade e alterações de humor;
- Dificuldade de compreensão e aprendizado.
Valor da glicemia em crianças
Quando coletada em jejum, após um período de 8 horas ou mais sem ingestão de alimentos, os níveis de glicemia em crianças (a partir de 1 ano de idade) se assemelham aos encontrados em adultos. Considera-se normal uma faixa entre 70 e 99 mg/dL.
Em relação à glicemia pós-prandial, medida uma ou duas horas após as refeições, os valores podem atingir até 140 mg/dL, conforme estabelecido pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
Acompanhamento da criança com diabetes
A elevação persistente da glicose pode ocasionar lesões irreversíveis em vários órgãos, incluindo olhos, rins, nervos, coração, cérebro e vasos sanguíneos. O tratamento do diabetes visa controlar os níveis de glicose no sangue para prevenir complicações nesses órgãos.
No caso do diabetes infantil, o tratamento inclui alimentação adequada, prática regular de atividades físicas, controle de peso e, quando necessário, o uso adequado de medicamentos ou insulina.
O acompanhamento da criança com diabetes requer sua participação ativa e motivação no cuidado, buscando conhecimento e recebendo suporte e informações necessários da equipe médica. Estudos indicam que o envolvimento da criança no controle da doença resulta em benefícios significativos, incluindo redução de peso e complicações, melhoria da qualidade de vida e redução do risco de óbito.
Tratamento
O tratamento do diabetes infantil é personalizado, considerando o tipo da doença (dependente ou não de insulina) e o estágio em que se encontra. Algumas medidas essenciais neste acompanhamento incluem:
- Apoio dos pais e familiares, mantendo a motivação e o acolhimento da criança;
- Estímulo à prática regular de atividades físicas, com duração mínima de 30 a 60 minutos por dia ou conforme orientação médica;
- Dieta rica em frutas, vegetais, legumes e alimentos com baixo teor de sal e gordura;
- Redução do consumo de alimentos enlatados, industrializados, fast food, doces e refrigerantes;
- Em casos de crianças mais velhas e adolescentes, desencorajar o tabagismo;
- Acompanhamento médico regular;
- Uso correto das medicações prescritas;
- Realização de exames conforme orientação médica para monitorar a glicose e investigar possíveis lesões em órgãos. Exames oftalmológicos e hemoglobina glicada devem ser realizados anualmente;
- Controle de peso e atenção ao acúmulo de gordura abdominal;
- Acompanhamento e tratamento adequado de outras condições associadas, como hipertensão e colesterol elevado.
A educação sobre o diabetes e as mudanças no estilo de vida envolvem toda a família, não apenas o paciente, e podem contribuir significativamente para a adesão ao tratamento e a prevenção de complicações a longo prazo.