O Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), aprovado nesta quarta-feira (4/6) pelo Senado federal, é uma das apostas do governo federal para tornar o transporte urbano menos poluente no País. O Mover - especificado no Projeto de Lei 914/24 - é voltado para a descarbonização do setor automotivo - principalmente os automóveis - e foi criado para substituir o antigo Rota 2030.
O programa, entretanto, terminou sendo engolido na mídia pela 'taxação das blusinhas', ou seja, a inclusão de taxas aos produtos importados até US$ 50, que havia sido inserida na Câmara dos Deputados, e para onde o texto voltará porque houve mudanças no conteúdo.
O Mover vai estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de veículos com menor emissão de gases do efeito estufa. Para isso, contará com incentivos financeiros e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
QUASE R$ 20 BILHÕES EM INCENTIVOS À PESQUISA E REDUÇÃO DE IMPOSTOS
Os incentivos, segundo o governo federal, estão orçados em R$ 3,5 bilhões para 2024 e somam R$ 19,3 bilhões em cinco anos. A expectativa é de que o Brasil possa passar a produzir, por exemplo, os componentes de veículos elétricos, hoje importados.
A redução do IPI e habilitação dos projetos das indústrias e montadoras do setor para acessar os incentivos financeiros já foram regulamentados em um decreto presidencial e em uma portaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O Mover havia sido criado inicialmente como medida provisória — que tem efeito imediato, mas prazo de validade curto. Depois, o governo enviou um projeto para transformar o programa em lei. A medida, no entanto, expirou no último dia 30 de maio, após a votação ser adiada diversas vezes em função de discordâncias entre os parlamentares devido aos "jabutis" — termo para explicar quando trechos são adicionados a um projeto, mas que não têm relação com o tema central da proposta.
ELOGIOS NO SETOR AUTOMOTIVO ELÉTRICO
Como esperado, o setor automotivo comemorou aprovação do Mover. Principalmente a cadeia ligada à mobilidade elétrica. O entendimento é de que, sem dúvidas, com o Programa Mover, o Brasil poderá liderar a discussão da eletromobilidade na América Latina. E que a aprovação do texto-base veio na hora adequada para organizar e promover a indústria nacional.
-
Descarbonização: novo teste de ônibus movido a gás natural acontece no transporte público do Grande Recife -
Descarbonização: Novo PAC vai financiar a compra de 5 mil ônibus novos para o transporte público brasileiro, sendo 2.500 elétricos -
Descarbonização: carros híbridos ganham força com crise mundial de elétricos -
Descarbonização: Programa Mover e debêntures de infraestrutura são regulamentados no Brasil -
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL: governo federal lança Programa Combustível do Futuro para estimular a mobilidade sustentável e a descarbonização
“O Brasil se tornou um dos mercados mais atrativos para quem aposta na eletromobilidade, principalmente chineses. Empresas como BYD e GWM veem o nosso País como um mercado de grandes oportunidades. Com essa movimentação de novas indústrias em um parque industrial já estabelecido com outras marcas tradicionais, iniciativas do governo como o Programa Mover são fundamentais”, avalia Thiago Castilha, diretor da E-Wolf, empresa especializada em carregadores elétricos.
Castilha, entretanto, faz alertas. “Precisamos entender que a mobilidade vai além dos carros elétricos e também abrange o transporte de massa e micromobilidade, pois os elétricos ainda não são acessíveis para grande parte da população”, destaca.
E segue alertando sobre a infraestrutura para o novo ecossistema. “Precisamos pensar em infraestrutura e no ecossistema como um todo de fornecimento e produção de energia, cadeia de fornecimento de equipamentos de recarga e armazenamento para que possamos avançar. Temos a oportunidade de aprender com os erros e acertos que aconteceram pelo mundo com a transição energética e construir um futuro mais sustentável”, diz.
ENTENDA O PROGRAMA MOVER
O Programa Mover incentiva a descarbonização da indústria de veículos, inclui limites mínimos de reciclagem na fabricação e cobra menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde. Além disso, a intenção é aumentar os investimentos em eficiência energética.
-
Ônibus elétrico: transporte público do Grande Recife não terá ônibus elétricos nem menos poluentes financiados pelo Novo PAC -
Descarbonização: Novo PAC vai financiar a compra de 5 mil ônibus novos para o transporte público brasileiro, sendo 2.500 elétricos -
Novo PAC: R$ 18 bilhões em investimentos do Novo PAC serão anunciados em breve, diz Rui Costa -
NOVO PAC: governo decide prorrogar inscrições do PAC SELEÇÕES até domingo, apesar de garantir que adesão está alta
Para que tenham acesso aos incentivos do Mover, as empresas devem ter projetos aprovados pelo MDIC e aplicar percentuais mínimos da receita bruta com bens e serviços automotivos na pesquisa e no desenvolvimento de soluções alinhadas à descarbonização e à incorporação de tecnologias assistivas nos veículos (que tenham como objetivo facilitar o uso para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida).
O projeto, na prática, cria um sistema no qual as empresas que queiram comercializar veículos novos no país são compelidas a se cadastrar no MDIC e se comprometer com os requisitos obrigatórios. As empresas que não dispuserem do ato de registro de compromissos sofrerão multa compensatória de 20% da receita apurada com a venda dos veículos.
Os percentuais mínimos de investimento para que as empresas contem com os incentivos do Programa Mover para atividades de pesquisa e desenvolvimento e de produção tecnológica, incidentes sobre a receita bruta total de venda de bens e serviços relacionados aos produtos automotivos, estão previstos na Portaria 43/24, do MDIC.
Com informações da Agência Senado.