Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
TRANSPORTE PÚBLICO

Alepe cobra base legal para subsídio de R$ 60 milhões que vai garantir a tarifa única no Grande Recife

Subsídio público para 2024 está estimado em R$ 310 milhões para garantir o reajuste zero das passagens e a extinção do Anel B

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JC

Publicado em 04/03/2024 às 16:08 | Atualizado em 04/03/2024 às 16:16
PSB provocou audiência pública para evitar que não haja investimentos no sistema de transporte da RMR
PSB provocou audiência pública para evitar que não haja investimentos no sistema de transporte da RMR - Guga Matos/JC Imagem

O governo do Estado foi cobrado, em audiência pública nesta segunda (4/3), a enviar à Assembleia Legislativo de Pernambuco (Alepe) projeto de lei que formalize o repasse de subsídios às empresas operadoras do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR).

O objetivo é garantir que a conquista do bilhete único nos ônibus, implantado no domingo (3), não resulte em uma precarização ainda maior do serviço, já que a novidade foi aprovada sem estar atrelada a melhorias como a renovação da frota e a chegada de veículos climatizados, para o que não há previsão de recursos.

O deputado Sileno Guedes, que presidiu a audiência da Comissão de Defesa do Consumidor da Alepe, fez referência à Lei Estadual 17.878/2023, relativa ao pagamento de subsídios e à antecipação de créditos às operadoras para cobrir a diferença entre a tarifa técnica (a que é necessária para cobrir os custos) e a tarifa realmente cobrada aos usuários.

Os efeitos desse texto perderam validade em 30 de dezembro do ano passado e não foram prorrogados, o que gera o risco de falta de amparo legal para que o Governo repasse às empresas os R$ 60 milhões prometidos para viabilizar o bilhete único em 2024.

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“Se esses subsídios não chegarem às operadoras, elas certamente retirarão a diferença no serviço que é prestado, sobrando, como sempre, para o usuário. Por isso, cobramos, como um dos encaminhamentos desta audiência, que a gestão estadual se mobilize para, no tempo mais breve possível, enviar projeto de lei a esta casa formalizando os subsídios. Caso contrário, o passageiro vai ter o bilhete único na mão, mas vai ficar esperando ônibus que não chegam à parada”, avaliou Sileno.

APELO POR EMENDAS PARLAMENTARES

Apesar do uso político do tema, o transporte público da RMR raramente é discutido na Casa - Wesley D'Almeida/Divulgação

Outra proposta foi que o governo do Estado mobilize as secretarias de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional e da Casa Civil para que, no período de votação das leis orçamentárias, seja tratada a possibilidade de destinação de emendas parlamentares voltadas especificamente para subvenções ao transporte público, a exemplo do que é feito com a saúde. “Seria uma inovação nesta casa. Tenho certeza de que pode haver um diálogo e a Alepe pode vir a contribuir”, completou o deputado.

O pedido por emendas, inclusive, foi feito publicamente pelo secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura, Diogo Bezerra.

PROBLEMAS E MAIS PROBLEMAS EM DISCUSSÃO

Durante duas horas e meia, representantes de diversos segmentos da sociedade expuseram suas opiniões sobre a precarização vivenciada pelo STPP/RMR. Membros de entidades ligadas aos usuários, estudantes e pessoas com deficiência criticaram, entre outros pontos, o intervalo de apenas duas horas para realizar a integração temporal, o que obriga passageiros que fazem percursos mais longos a, por vezes, desembolsarem uma segunda passagem no mesmo trajeto. Já representantes dos rodoviários e dos metroviários cobraram melhores condições de trabalho e investimentos nesses modais de transporte.

Também houve críticas à redução de cerca de 200 ônibus da frota em 2023 e à falta de previsão de novos veículos climatizados. “Passamos duas, três horas dentro de um ônibus com quase 40 graus de sensação térmica. É tempo e foco perdidos por causa de um transporte que deixa a desejar”, discursou Vinícius Pequeno, diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE).

AÇÕES DO GOVERNO DE PERNAMBUCO

Presente à audiência, o secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura, Diogo Bezerra, elencou uma série de projetos que o Governo do Estado encaminhou ao Governo Federal, via Novo PAC, a exemplo da conclusão dos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste e da transformação da Avenida Norte, no Recife, em um corredor de transporte.

Também confirmou que a gestão estadual estuda outras melhorias, mas não deu prazo para demandas como a ampliação da integração temporal. Garantiu, porém, que os R$ 60 milhões em subsídios serão injetados no sistema. “A implantação do bilhete único é a ação que faz com que a gente possa pôr em prática outras estratégias na busca por melhorias e pela garantia legal dos subsídios”, disse.

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