Metro Quadrado

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Por Lucas Moraes
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Construir ou comprar casa fica mais caro, mas construção ainda revisa para cima crescimento do setor

Custo da construção, falta de crédito e crescimento do mercado de trabalho pressionam o mercado da construção civil, mas não inviabilizam crescimento

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Lucas Moraes

Publicado em 28/10/2024 às 20:53
A produção de materiais de construção cresceu 4,3% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação ao ano anterior - JOSÉ PAULO LACERDA/CNI/DIREITOS RESERVADOS

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou, nesta segunda-feira (28), a projeção de crescimento do setor para 2024, elevando a expectativa de 3% para 3,5%. Os fatores positivos que motivaram essa revisão incluem o aquecimento do mercado de trabalho, o bom desempenho da área imobiliária de padrão econômico e a expectativa de crescimento mais robusto da economia neste ano e início do próximo.

“O setor vem em um ciclo virtuoso de crescimento. O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantém expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses. Diante desses fatores, é possível que o crescimento supere o inicialmente previsto”, afirma o presidente da CBIC, Renato Correia. No entanto, a CBIC alertou para obstáculos a esse crescimento em função das perspectivas de novos aumentos na taxa de juros, que podem deprimir a intenção de investimentos. Além disso, também é preciso considerar a pressão sobre a disponibilidade de recursos do crédito imobiliário.

“Esses fatores podem influenciar o resultado da Construção nos próximos meses e provocar um desempenho abaixo do esperado, mesmo diante dos atuais indicadores positivos. O cenário futuro está marcado por incertezas, o que pode comprometer os resultados no final de 2024 e início de 2025”, alerta Correia.

A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, ressalta que a CBIC já havia revisado anteriormente a sua projeção de crescimento para 2024. “No final do ano de 2023 estimamos incremento de 2,3% para as atividades do setor. Em julho alteramos para 3% em função dos bons resultados dos primeiros meses do ano. Agora, novamente aumentamos a nossa projeção. Os resultados do segundo trimestre foram mais positivos, o que acabou, então, influenciado a nova projeção”, destaca. “A nova estimativa de 3,5% supera as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que está em 3,05%, segundo o relatório Focus, de 18 de outubro, emitido pelo Banco Central”, completa.

Fatores que impulsionaram a revisão incluem:


 

Desafios para o crescimento

Demanda de insumos cresce e mercado de trabalho está aquecido

A produção de materiais de construção cresceu 4,3% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação ao ano anterior, e o faturamento da indústria de materiais aumentou 10,3% em setembro. O mercado imobiliário também registrou alta, com crescimento de 5,7% nos lançamentos no primeiro semestre de 2024 e 15,24% nas vendas.

Ieda Vasconcelos apontou uma tendência de alta nos custos de construção. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) já subiu 5,48% nos últimos 12 meses encerrados em setembro, enquanto a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 4,42% no mesmo período. “Ou seja, o custo de construção está acima da inflação do país”, enfatizou Ieda Vasconcelos.

Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores formais na Construção Civil cresceu 5,24%, com 2,961 milhões de trabalhadores com carteira assinada em agosto de 2024, o maior número desde 2014.

Desde 2021, o setor vem criando mais de 210 mil novos empregos formais entre janeiro e agosto de cada ano. O setor representa 6,27% do total de trabalhadores formais no Brasil, mas responde por mais de 12% das novas vagas criadas e é o terceiro com maior salário de admissão.

 

Impacto no preço da moradia

O presidente da CBIC alertou que quem for comprar um imóvel novo vai se deparar com preços maiores ao longo dos próximos meses, situação que reflete a escalada nos custos das obras, segundo ele. “A situação vai gerar o repasse de custo maior para o preço dos imóveis. Quem for comprar a casa própria vai encontrar preços maiores. Não tem jeito, as empresas têm que preservar as margens de lucro”, disse Renato Correia.

O presidente da CBIC destacou que incorporadoras enfrentam dificuldades em obter financiamento para clientes na entrega das chaves, devido aos juros altos e à falta de recursos. Ele propôs a liberação parcial dos depósitos compulsórios bancários para crédito imobiliário, o que ajudaria a aliviar o cenário até uma possível queda dos juros.

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