Todos os dados dos 160 mil lotes imobiliários de Recife passam a estar disponíveis em mapas 3D que trazem a metragem de cada um, suas respectivas leis urbanísticas – o que é possível construir no local, as limitações impostas pelo zoneamento, com análises da legislação – e qual tipo e porte de empreendimento pode ser construído. A solução também incorpora dados de mercado, como o valor do metro quadrado, custo da obra e VGV (Valor Geral de Vendas) final, dentre outros. Embora tenha sido desenvolvida para o mercado da incorporação, a plataforma Place também pode ser consultada por todos os habitantes da capital pernambucana.
Resultado de parceria firmada entre o Sinduscon-PE e Sebrae, a startup inicia suas operações na capital trazendo sua solução que opera nos mesmos moldes em Porto Alegre, Novo Hamburgo (RS) e São Paulo, onde incorporou a revisão do Plano Diretor, aprovado em janeiro, antes mesmo que a plataforma da prefeitura paulistana – o GeoSampa – o fizesse.
“Como a gestão municipal tem prazo de seis meses para atualizar seu sistema de consulta, resolvemos nos antecipar e adequamos a plataforma à nova legislação e como ela se aplica aos 7 milhões de lotes daquela cidade”, diz Flávia Tissot, COO da plataforma.
O Place possibilita que todas as informações sobre os terrenos de uma cidade sejam acessadas, em tempo real, com poucos cliques. “Um dos principais obstáculos enfrentados pela indústria da incorporação imobiliária em Recife é a localização das leis urbanísticas que se aplicam a cada região ou a lotes específicos, já que há diferentes fontes. O Place, além de incorporá-las por completo, traz, em mapas, todo o zoneamento urbano relativo a cada área”, diz Flávia.
ACESSO A INFORMAÇÕES E IMAGENS
As informações e imagens podem ser acessadas pelo endereço app.ospa.place/. No mapa da cidade disponibilizado na plataforma, o usuário clica sobre um ou mais terrenos – ocupados ou não – para ter acesso a dados como o zoneamento vigente no local, o coeficiente de aproveitamento máximo ali – limite da área construída –, determinações quanto a recuos e incentivos, altura máxima, dentre outras variáveis que, combinadas, geram os “envelopes” – imagens dos empreendimentos que podem ser erguidos em cada lote.
O Place também cruza a legislação urbanística da capital com dados de mercado, incorporando em suas simulações, dentre outros, o preço do metro quadrado de uma região para gerar o Valor Geral de Vendas que o projeto proporcionará. Com a solução, o incorporador pode saber até o custo total do empreendimento.
Além de estarem disponíveis a agentes da indústria da construção – de pequenos corretores a incorporadoras, por meio de pacotes pagos – a ferramenta também dispõe de uma versão gratuita, acessível a qualquer cidadão que queira conhecer a legislação de sua cidade.
ATUAÇÃO COM O PODER PÚBLICO
Vencedor do DemoDay em 2023, premiação do Programa de Aceleração de Startups GovTech, do BrazilLAB, o Place também atua junto a prefeituras. Em Porto Alegre, por exemplo, desenvolveu um sistema para que a gestão municipal possa acompanhar, por meio de mapas, o número de lançamentos imobiliários por região, o funcionamento de linhas de ônibus, locais com maior incidência de acidentes, localização de hospitais, escolas etc.
Em virtude das enchentes no Rio Grande do Sul, a plataforma disponibilizou, a partir de parcerias com diversas entidades, empresas e com a UFRGS, dentre outros, mapas com a geolocalização de 170 abrigos, imóveis ociosos que poderiam servir para socorro às vítimas, simulação de áreas afetadas conforme o nível do Lago Guaíba, estabelecimentos afetados, estadas bloqueadas, dentre outros.
A plataforma acaba de fechar parceria com a ProdaBel – Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (MG) – que, como companhia pública, pode prestar serviços a outras prefeituras. Dessa forma, a implantação do Place em outras cidades é facilitada.
“Com esse acordo, prefeituras podem, ao invés de contratar uma empresa para desenvolver sistemas próprios, contratar a ProdaBel para implantar o Place, com a incorporação de suas leis e outras variáveis de interesse de forma muito mais ágil e econômica”, diz Flávia.