Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Fernando Castilho: Brasil taxou aço da China que passou a vender máquinas industriais de menor qualidade travando produtividade

Quatro meses depois de lançar Nova Indústria Brasil, governo taxou o aço da China em 25% e abriu um novo mercado de máquinas com preços baixos.

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Fernando Castilho

Publicado em 14/02/2025 às 0:05 | Atualizado em 14/02/2025 às 10:00
Presidenteda Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), José Velloso - Divulgação

No meio do debate sobre a taxação de 25% dos Estados Unidos sobre o aço brasileiro determinada pelo presidente Donald Trump, um importante elo da cadeia produtiva industrial do Brasil tem outra preocupação: o risco de o Governo Lula renovar a taxação de 25% sobre o aço chinês por um ano definida em maio do ano passado com forte repercussão se deu na Indústria de Máquinas e Equipamentos.

Naquele mês, atendendo à pressão do Instituto Aço Brasil, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)e da Associação Brasileira, da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam) a Câmara de Comércio Exterior (Camex)  determinou a taxação sobre 11 tipos de produtos entre eles aço plano laminado a frio, a quente, galvanizado e galvalume - chapa de aço revestida com uma liga de alumínio, zinco e silício.

Visão da Abimaq

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), José Velloso a consequência dessa decisão foi que a indústria nacional perdeu competitividade e se abriu uma enorme possibilidade de as empresas clientes do setor no Brasil passaram a comprar máquinas da China devido ao preço dos fabricantes nacionais.

Velloso avalia que a decisão foi um equívoco do governo porque entre maio de dezembro as importações de máquinas da China cresceram 33% sem que isso significasse a aquisição de modelos mais modernos e com mais tecnologia embarcada embora tenham preços menores. Embora não existam dados que contem exatamente qual foi o impacto na taxação no setor metal mecanico o fato é que coincidentemente as importações de máquinas em 2024 cresceram 33%. Entretanto, não se pode provar o nexo causal entre os dois fatos. 

Máquinas ruins

Segundo ele, isso não quer dizer que a indústria que comprou máquinas chinesas aumentou sua produtividade, pois elas não compraram os melhores produtos fabricados na Alemanha, Japão ou Estado Unidos. Comparam produtos da China apenas com preços menores. E em muitos casos equipamentos que a hinduísta nacional tem embarcado muito mais tecnologia.

O presidente executivo da Abimaq diz que o setor se sente prejudicado pois pagando mais caro pelo aço da China e pelo aço brasileiro o setor está perdendo mercados conquistados depois de anos de investimentos em melhoria de qualidade.

Evitar novo erro

Para ele, o governo tem esses dados e não pode repetir o erro em 2025 apenas ouvindo os produtores de aço que pressionaram para que a china não vendesse seu aço para as indústrias clientes das fábricas de máquinas no Brasil e abriram um enorme mercado para as concorrentes chinesas que não estavam submetidas a nenhuma taxação.

Jose Vellozo entende que o governo brasileiro precisa defender as indústrias de aço do Brasil com o discurso de que o Brasil não vende aço acabado, mas aço para ser acabado nos Estados Unidos e mostrar claramente aos negociadores que não é verdade a informação das empresas americanas assumida pelo governo de que o Brasil estava reexportando o aço que comprava barato na China.

Condições de 2018

Para ele há espaço para que o Brasil readquira as mesmas condições de após 2018 porque definitivamente o mercado brasileiro é o setor de laminação a quente e a frio que usa a nossa chapa para fazer produtos acabados.

Para a Abimaq essa é uma disputa que o setor produtor de aço precisa trabalhar, mas que o setor metal mecânico fabricante de máquinas precisa ser ouvido. A questão tarifária é tema delicado pois qdo se protege um elo da cadeia produtiva, prejudica o elo a jusante. 

“A discussão da taxação de 25% do aço brasileiro pelos Estados Unidos tem importância para o Brasil, mas para o nosso setor não pode ser argumento de que o aço da China precisa manter a taxação de 25% porque o que aconteceu foi que a China passou a vender máquinas que é o que nós podemos fabricar e competir com eles sem a taxação”. conclui o executivo.

Nova indústria

O debate que se colocou com a taxação do aço brasileiro no mercado de matérias primas dos Estado Unidos mostra uma enorme contradição do governo Lula que em janeiro do ano passado lançou o chamou de Nova Indústria Brasil (NIB), a política industrial com o discurso de impulsionar o desenvolvimento nacional, até 2033, com sustentabilidade e inovação.

Naquele momento o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin prometeu R$ 300 bilhões para financiamentos destinados à nova política industrial até 2026 com os recursos geridos por BNDES, Finep e Embrapii e disponibilizados por meio de linhas específicas como a foco em atingir mais produtividade - para ampliar a capacidade industrial, com aquisição de máquinas e equipamentos.

Para o presidente da Abimaq, a NIB é boa e tem vários itens muito bem estruturados. Inovação, gestão de empresas, financiamentos, descarbonização entre outros fatores. 

Taxando a China

Entretanto, poucos meses depois, em maio do ano passado, o mesmo Geraldo Alckmin atendeu parte do pedido do setor produtor de aço brasileiro e taxou o aço da China em 25% sem perceber que com isso a China passaria a vender não mais aço mais máquinas de baixa qualidade mas de preço mais baixo. No chão de fábrica a indústria brasileira deixou de comprar máquinas industriais de melhor qualidade e mais produtivas feitas no Brasil não impactando na melhoria de produtividade.

Perspectiva do novo terminal da Dislub Ceará. - Divulgação

 

Dislub no Ceará

O grupo pernambucano Dislub Equador inicia na próxima semana um projeto de R$430 milhões para a construção de um novo parque de tancagem no Complexo Industrial e Portuário do Pecém com previsão de conclusão para agosto de 2027. O empreendimento visa ampliar a competitividade do grupo no Ceará e sua eficiência logística no Estado.

Energia solar

Com 113.700 unidades de geração solar instaladas, Pernambuco tem crescido no cenário de geração distribuída. Segundo dados da Aneel e do Centro de Monitoramento, Operação e Suporte às Usinas Fotovoltaicas (CMOS Brasil), de fevereiro de 2025, a potência instalada no estado total soma 1.15 MW com 200.056 unidades consumidoras já recebendo crédito pela energia gerada. Petrolina lidera a capacidade instalada, seguida por Recife, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes e Gravatá.

Fusões e aquisições

Os 710 negócios avaliados no setor de fusões e aquisições somaram em 2024 mais de US$100 milhões em 2024, aumento significativo em comparação às 619 transações de 2023. Ao redor do mundo as grandes transações (avaliadas entre US$1 bilhão e US$10 bilhões) ganharam destaque no segundo semestre de 2024, com 99 negócios concluídos, representando um aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2023.

No total, 162 grandes negócios foram registrados em 2024. (Já os mega negócios (avaliados acima de US$10 bilhões) também aumentaram significativamente, com 15 transações realizadas Foram 11 em 2023) num incremento de 36%.

Ações da TIM

Com orçamento de R$1 bilhão, o Conselho de Administração da TIM Brasil aprovou seu primeiro Programa de Recompra de Ações, com o objetivo de adquirir até 67,2 milhões de ações ordinárias da Companhia, o que corresponde a 2,78% do total de ações ordinárias da TIM. A recompra será financiada com recursos do próprio caixa provenientes do saldo da reserva de lucros.

Marcia Moura da grife pernambucana Marie Mercié, - Divulgação

Itambé-Mundo

A grife pernambucana Marie Mercié, que está completando 40 anos, quer ampliar sua presença no mercado internacional. Ela vende diretamente as suas peças para os cinco continentes do mundo mas em 2025 pega a rota “Itambé-Nova York” onde participa pela sexta vez consecutiva da Coterie NY, principal salão de moda do hemisfério norte, entre 18 e 20 de fevereiro. A Marie Mercié tem clientes nos Estados Unidos, França, Suíça, Grécia, Hong Kong, Itália, Rússia e Arábia Saudita.

Mais Eventos

A Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) prevê crescimento no setor com alcance de R$141,1 bilhões em relação ao consumo. O coordenador do Centro de Eventos Recife, Antônio Amorim, acredita que o equipamento terá um aumento de 25% em comparação com 2024”.

Shein no Brasil

A Shein que chegou ao Brasil para vender roupas da China revelou que agora vende produtos de outros lojistas que somam 60% das vendas totais no país. A meta da plataforma é que esse percentual chegue a 85% até o fim de 2026. A Shein revela que 85% dos itens de vestuário feminino, masculino e calçados já são fabricados no Brasil. E já não fala mais de sua parceria com a Coteminas de Josué Gomes, presidente da Fiesp que produzia roupas no Rio Grande do Norte.

Ai meu Deus

Da diretora (Wealth Management) no Brasil do UBS Global, Solange Srour sobre a saída de dólares no fim do ano passado que fizeram as nossas reservas chegarem a US$329,7 bilhões“Está piorando de uma maneira mais acelerada. Não tem mais folga no balanço de pagamentos. O déficit fiscal é muito alto, e o de contas correntes está se deteriorando em velocidade muito forte. Passa a ser um problema, sim” disse a executiva.

Portugueses

Os construtores portugueses Casais programam o seu primeiro empreendimento turístico de alto padrão, na Praia de Peroba, do Maragogi Privilege Residence Apart Hotel. O Grupo português Casais, no Nordeste, acredita que a inauguração, em 2026, do Aeroporto Costa dos Corais, em Maragogi, na divisa entre Alagoas e Pernambuco, pode ajudar seu projeto de luxo.

o Maragogi Privilege Residence Apart Hotel. - Divulgação

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