Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

O governo Raquel e o desafio metropolitano…

Recife não dialoga nem mesmo com os cinco municípios com quem tem limites (Jaboatão, São Lourenço da Mata, Camaragibe, Olinda e Paulista).

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Fernando Castilho

Publicado em 15/01/2025 às 0:05 | Atualizado em 17/01/2025 às 10:12
Desafio Matropolitano do Recife começa pela gestão do transito. - JC Imagem

O ano era 1973 (portanto ainda no período dos governos militares) quando do ministério do Planejamento do Brasil decidiu à luz de experiências internacionais da ONU, OCDE e Unesco criar o conceito de Regiões Metropolitanas. O Recife entrou na lista na lista das oito primeiras conurbações.

A proposta era criar estruturas com técnicos com experiência em planejamento, força política a partir do apoio dos governadores (indicados pelos militares) e, naturalmente, recursos para ajudar os municípios em torno das capitais na organização de projetos básicos de transporte, eletrificação, abastecimento d’água, estrutura viária e gestão municipal.

Suporte técnico

O suporte técnico de alto nível e financeiro de Brasília ajudaram muito. Em Pernambuco, nasceu a Fidem. Mas com a redemocratização e falta de recursos, os prefeitos foram cuidar de suas vidas e o conceito foi se perdendo de modo que hoje os eleitos, não raro, sequer sabem da existência desse conhecimento que ficou adormecido.

A Fidem juntou-se ao Condepe e, nos governos do PSB, não foi demandada para absolutamente nada. Até porque o modelo era de contratação de consultorias externas que foram chamadas a escrever e entregar estudos para todos os projetos. Além dos que elas próprias apresentavam. As disputas partidárias se encarregaram de apagar o conceito de governo focado no metropolitano.

O caso Recife

O caso do Recife é bem interessante a nível nacional. A RMR tem 3.207 quilômetros quadrados, 14 municípios e abriga 4,054,866 de habitantes (42,7% da população pernambucana). Seu PIB somado é de 63% do Estado sendo uma das mais interconectadas de modo que o sistema viário é, de fato, a única forma de indicar os limites entre eles.

Meio século depois, a realidade é que os problemas também se tornaram metropolitanos sem que os prefeitos se disponham a, ao menos, conversar sobre o impacto de um município na vida do outro. A capital Recife importa toda a água que consome e exporta todo o lixo que produz.

Entrega de viaturas da Policia Militar - Miva Filho

Dois milhões

Recebe mais de 1.200 ônibus urbanos que entram e saem de seu sistema viário em média 12 vezes por dia e geram uma altíssima concentração de dióxido de carbono por roda com diesel. E tem 700 mil veículos registrados no Detran-PE.

Mas o Recife não dialoga nem mesmo com os cinco municípios com quem tem limites (Jaboatão, São Lourenço da Mata, Camaragibe, Olinda e Paulista). A interação com os oito restantes é nula, embora todos eles despachem quase 2,4 milhões de pessoas para trabalhar ou cortar a capital.

Onde é Moreno?

Não é raro perceber que parte da população do Recife nunca foi a Moreno, Araçoiaba ou conheceu a Ilha de Itamaracá. Embora tenham passado por outros quando saem nas direções Norte, Sul e Leste.

O problema dessa desconexão é que ela não separa os problemas. As facções criminosas que atuam dentro dos presídios sediados no Recife atuam em toda a RMR. O trânsito caótico do Recife entrega engarrafamento em Olinda, Jaboatão, São Lourenço da Mata e Paulista que o redistribui nos municípios adjacentes. Assim como o avanço do mar nas praias de Jaboatão não distingue limites do Recife nem de Olinda e Paulista.

Proposta de ação

E mesmo que cada um dos prefeitos tenha planos de captação de recursos do Programa Minha Casa Minha não existe da parte deles qualquer gestão quanto a construção de conjuntos habitacionais de conexão com a capital Recife.

O caso de Paulista é um bom exemplo nos últimos anos quando recebeu mais de 15 mil habitações sem qualquer ajuste de sua malha em direção à capital. Um fenômeno que repetiu o problema de Jaboatão dos Guararapes na década de 90 com os conjuntos residenciais de Barra de Jangada e Candeias.

Crime organizado

Esse quadro caótico está ficando mais evidente com o estrangulamento de sistemas de transportes, gestão urbanas de favelas, habitação vias de transporte de massa especulação e crime organizado.

Mas a questão central é quem toma conta do todo? Quem organiza a gestão do espaço somando as necessidades de cada município considerando o impacto no seu vizinho? E quem lidera a captação de recursos federais para se somar aos dos municípios?

Olinda e Jaboatão

Os prefeitos de Olinda, Mirella Almeida e de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros estão iniciando uma série de consultas aos seus 12 colegas da Região Metropolitana do Recife sobre a instituição de um pequeno colegiado onde os prefeitos possam listas os problemas que mais lhe atingem, sua conexão com os seus vizinhos territoriais e adjacentes,

Proposta a Raquel

Pensam na produção de uma avaliação metropolitana de modo a que possam conversar com o Governo do Estado e com o governo federal em bloco. Abandonando a ideia do “eu sozinho”.
Essa iniciativa é interessante por vir de encontro a uma percepção da própria governadora Raquel Lyra de que existe sim um bloco de demandas que demandam iniciativas que precisam se ações conjuntas de vários municípios.

Soluções conjuntas

Esse pode ser um ponto de partida interessante. Se o governo do Estado se instrumentaliza a partir de uma visão do conjunto das demandas dos municípios que integram o espaço metropolitano, abre-se uma janela de oportunidades de soluções conjuntas onde o ator Estado pode ter maior efetividade dos recursos que se dispõe a alocar.

Mas isso exige capacidade de conversar, organizar as demandas e sistematizar possíveis soluções. E ele pode começar requisitando o conhecimento que a Fidem possui e que será importante para iniciar uma conversa com propósito. Capaz de organizar começo, meio e fim de soluções. Naturalmente, definindo na partida quanto o Governo do Estado se dispõe a gastar.

Verba do Ministerio da Justiça. - Divulgação

Verba de camburão

O Governo de Pernambuco executou, durante o ano de 2024, mais de R$62 milhões em recursos oriundos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). O dinheiro foi aplicado em diversas iniciativas que fazem parte do programa Juntos Pela Segurança, como a aquisição de novas viaturas e equipamentos para a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, por exemplo. E foi 22% maior do que os R$51 milhões executados entre 2020 e 2023 no Estado. Certo, mas ainda é muito pouco. O desafio é captar mais verba desse fundo.

Vendas de cimento

As vendas de cimento no ano de 2024 somaram 64,7 milhões de toneladas vendidas, um aumento de 3,9%, ou seja, 2,4 milhões de toneladas a mais sobre o ano anterior. A atividade voltou a crescer após registrar quedas anuais consecutivas, -2,8% em 2022 e -0,89%, em 2023. O resultado recupera as perdas dos últimos dois anos, mas ainda longe do consumo recorde de 2014, de 73 milhões de toneladas.

Entre as mais seguras

A TAP recupera em 2025 o lugar de Companhia Aérea mais segura da Europa no TOP 25 das transportadoras mais seguras do mundo elaborado pela Airline Ratings. No ranking não tem nenhuma brasileira.

Furto de agua da Compesa em Jataúba. - Compesa Divulgação

Furto de água

O município de Jataúba que recebe uma vazão de 11 litros de água por segundo para a cidade teve um melhoria da distribuição de água para a população depois que Compesa em parceria com a Polícia Militar, realizou uma operação de combate às ligações clandestinas, que resultou na remoção de mais de 60 ligações irregulares que estavam conectadas em 16 sangrias ilegais localizadas em sua maioria às margens da PE-160. O desvio era tão grande que o sistema estava em colapso devido às irregularidades.

Margem Equatorial

Termina dia 6 de fevereiro, o prazo para as empresas declararem interesse em 156 dos 332 blocos do edital da Oferta Permanente de Concessão (OPC). Trata-se de blocos localizados nas bacias que compõem a Margem Equatorial e nas bacias de Pelotas, Espírito Santo Mar, Paraná, Pareci e Tucano.

Os 156 blocos possuem manifestações conjuntas dos Ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente e do Clima com validade expirada em junho de 2025. Mas no caso da Margem Equatorial não quer dizer autorização para exploração da área que está sob análise pelo Ibama.

Movimentp de franquias em shoppings no Brasil. Shopping Riomar Recife. - Divulgação


Lugar de venda

Estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) revela que 27% das principais marcas presentes em shoppings do país são franquias, o que comprova que os malls são um ambiente propício para novos negócios. O faturamento do terceiro trimestre das franquias no Brasil em 2024 alcançou R$70,2 bilhões, crescimento de 12,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. As operações de franquias somam 195 mil unidades, empregando mais de 1,69 milhão de pessoas.

Expansão

A construtora Tenório Simões expande seu portfólio para além da cidade de Paulista. A partir deste ano, quando completa 15 anos de mercado, projeta construir mais de 1.300 unidades habitacionais no Recife.

Iguá na Sanepar

A Iguá Saneamento, uma das maiores empresas do setor, assinou o contrato para a PPP para investimentos na rede de captação e tratamento de esgoto, em 28 municípios da região Oeste do Paraná. A empresa venceu o leilão da Sanepar e vai atuar durante 24 anos, sob o nome de Iguaçu Saneamento. No contrato, estão previstos investimentos de R$685 milhões.

ARPE 25 ANOS

A Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) está completando 25 anos de fundação. Para celebrar o novo ciclo, estão previstos investimentos e a ampliação do leque de atuação.

Negócios

Um grupo de 80 jovens empresários pernambucanos das mais diversas áreas, filiados ao LIDE Futuro, participaram dia 29 de dois encontros com Henrique Camargo, COO da Monest e professor na Escola Conquer, Líder de operações com IA para gestão de cobranças e análise de dados. No escritório da XP Investimentos, em Boa Viagem.

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