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No país dos subsídios, armazenamento de energia vira solução para assegurar qualidade de energia nos horários de pico

A indústria resolveu o problema do armazenamento com a criação de sistemas que guardam energia gerada nos horários de baixo consumo.

Por Fernando Castilho Publicado em 14/04/2024 às 0:05

No meio do debate que surgiu, na semana passada, por ocasião da edição da MP-1.212 que prorrogou para 2029, o prazo para que empresas geradoras de energia com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada, tenham desconto de 50% nos custos de transmissão, ganhou força a questão do armazenamento de energia que o setor elétrico vem trabalhando no sentido de equilibrar o balanço das contas no mercado das chamadas energias renováveis intermitentes.

A manutenção da concessão de subsídios divide o setor elétrico num momento em que o Brasil tem excesso de energia. E ficou ainda mais grave com a drástica redução dos custos da produção das energias renováveis (eólica, solar e geração distribuída em telhados de casas e empresa) que na matriz energética já representam 32%.

A questão é que, por trás do discurso - ambientalmente correto - de o Brasil liderara a produção de energia limpa, existe o problema de que elas são intermitentes. Ou seja, não são contínuas já que vento e sol cessam ao longo do dia.

Na ponta, isso quer dizer que cada vez que uma solar ou uma eólica entra em operação é preciso ter suporte de quatro vezes sua capacidade de produção (megawatt) para que, quando elas pararem, esses sistemas entrem em operação e assegurem a potência necessária nos horários de pico de consumo.

Felizmente a indústria resolveu a questão do armazenamento com a criação de sistemas que guardam energia gerada nos horários de baixo consumo e que custam menos e os injetam no sistema nos horários de maior consumo.

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Adalberto Moreira Campello Filho, gerente de negócios para a área de armazenamento de energia do Grupo Moura. - DIVULGAÇÃO

Isso abriu um novo mercado que no Brasil é visto como um dos mais promissores devido às características do país onde, para inicio de convera, existem 3.000 sistemas isolados publicos de geração de energia que usam diesel. E para empresas onde os custos da energia no horário de pico ser até cinco vezes maior que o normal.

Outro problema é a queda na qualidade do fornecimento de energia com oscilações que travam sistemas elétricos cada vez mais eletrônicos e a necessidade redundância virou um grave problema para empresas, seja para edifícios residenciais como para garantir que o elevador não fique parado no caso de uma oscilação.

Adalberto Moreira Campello Filho, gerente de negócios para a área de armazenamento de energia do Grupo Moura, uma das empresas líderes no setor global de baterias com um linha de produtos que chega a 3.000 itens (os chamados SKU) diferentes, vem trabalhando esse mercado.

A companhia identificou e desenvolveu um nova tecnologia chamada de Bess (Battery Energy Storage System), cuja função é, essencialmente, garantir que a energia não falta seja por um microssegundo seja para ser entregue nos chamados horários de pico.

Ele revela que a questão do uso do diesel em sistemas isolados (foco do governo para justificar a MP e a renovação dos prazos para a implantação de com base em fontes solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada), já custa ao consumidor 25% da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) que é um fundo com grande aporte de consumidores (privados) para financiar uma série de políticas (públicas) do setor de energia e está crescendo.

A CDE está cada vez mais presente na conta nossa de cada mês. E não existe muita esperança de que uma dia seja eliminada. E sobre ela que os críticos da MP 1.212 se referiam quando diziam que no futuro a energia pode subir até 7% por tempo indeterminado. Moreira tem objetivos mais práticos que o debate sobre a questão dos subsídios.

Na verdade, a companhia onde ele trabalha tem sido procurada por clientes aflitos que precisam de redundância nos seus sistemas de fornecimento de energia. E investidores de projetos de geração de energia limpa que viram no BESS uma solução para melhorar a entrega de sua produção. Inclusive, empresas que usam o diesel para gerar energia que adotam a chamada hibridização de sistemas.

Ele também defende fortemente a hibridização. Especialmente, para os chamados sistemas isolados que podem reduzir em até 50% o consumo de diesel e economizar 30% dos custos de energia gerada por esses sistemas. A Moura já fornece o sistema em varios pontos da Região. Além de viabilizar, na prática, discurso ambientalmente mais responsável, inclusive para o governo.

A grande vantagem do BESS, segundo Moreira é que ele garante a chamada energia firme quando os sistemas normais oscilam. "A Moura precisou desenvolver um pacote de soluções embarcadas no BESS que vai de uma nova bateria a um software de gestão do sistema que precisa cuidar de não apenas receber e armazenar a energia, mas de entregá-la em fração de segundos quando a energia oscila", explica o executivo.

Moreira acredita que o país vai adotar a tecnologia de armazenamento em função da nova realidade do sistema elétrico. Essa realidade já existe especialmente para os sistemas isolados da Amazônia onde se desloca diesel pelo meio da floresta para gerar energia e CO2.

Mas, a verdade é que existe um mercado a ocupar. Inclusive junto a grandes sistemas de geração de eólica e solar por tornar realidade o discurso de produção combinada onde o BESS junta as duas entregas num único canal de transmissão para a rede de distribuição.

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Laboratório de H2 do IATI m dos mais bem equipados do Nordeste na área localizada no bairro do Prado, no Recife. - Divulgação

Capital do Hidrogênio

No próximo dia 25 Recife acontece a primeira edição do IATI Talks encontro promovido pelo Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) presidido pelo professor Guilherme Cardim , cujo tema central será “Hidrogênio Renovável: Cooperação, Inovação e Financiamento para Transição Energética" com importantes protagonistas da cadeia do H2V. O Iati Talks será realizado na sede do instituto, localizada no bairro do Prado, no Recife, quando os participantes do evento, (exclusivo para convidados) terão a oportunidade de visitar o laboratório de H2V do IATI.

O que se rouba

O relatório anual "Análise de Roubo de Cargas" revela que em 2023, 74% dos sinistros relacionados a roubo de carga foram evitados, preservado o equivalente a R$340 milhões. Ainda assim, produtos alimentícios permaneceram entre as mercadorias mais roubada. Juntos, estes tipos de cargas representaram 66,5% dos prejuízos. O relatório diz que o dia da semana mais vulnerável é a quarta-feira. Curiosamente, o roubo de bebidas registrou queda de 80% no prejuízo com roubo de cargas.

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Perspectiva do novo restaurante bargaço no Complexo Porto Novo - Divulgação

Novo Bargaço

Um dos mais icônicos restaurantes do Recife, o Bargaço estará em novo endereço a partir da segunda quinzena de junho. Ocupará parte do primeiro andar do Novotel Recife Marina que ancora o Complexo Porto Novo no Cais de Santa Rita que abriga ainda uma marina de classe internacional e o Recife Expo Center, o primeiro centro de convenções da capital pernambucana. O Bargaço - que existe há 33 anos - parte deles no salão do Clube Líbano Brasileiro, no Pina vai ficar maior.


Cobrando FGTS

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) vai assumir integralmente a gestão dos débitos de empregadores com o FGTS. O objetivo é ampliar a recuperação desses valores utilizando a expertise do órgão com a Dívida Ativa da União. O número de empregadores inscritos na dívida ativa do FGTS está hoje em 239 mil e o estoque do 4º trimestre de 2023 de dívidas no fundo era de R$49,5 bilhões. Mas o volume de recursos recuperados tem crescido nos últimos anos e chegou a 680 milhões de reais em 2023.

Importar diesel

A 44ª Reunião Ordinária do Comsefaz terminou sem apreciar a proposta de mudança na legislação que dá tratamento favorecido à importação de combustíveis que permitiu ao Amapá através de seis empresas importar R$1 bilhão de litro de diesel da Rússia gerando créditos de ICMS para elas mais de R$400 milhões. Vários estados pediram vista do processo para se informarem melhor. Os dados foram apresentados na reunião pelo Instituto Combustível Legal (ICL) que pediu mudanças.

Pleito da FUP

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) apresentou um pedido de mudança na Lei das Estatais no estatuto da Petrobras aprovada no Governo Temer e na estrutura de governança da empresa. A FUP afirma que a Lei das Estatais foi aprovada no auge do lavajatismo e que, na prática, só tem aprovado que agentes do mercado sejam habilitados a fazer parte do Conselho de Administração da maior empresa do país. A proposta foi apresentada no mesmo dia em que o presidente Lula disse que a Lava Jato foi a “maior mentira contada nesse país.”

Abatendo 4.400

A JBS vai duplicar a capacidade de processamento de sua unidade Campo Grande II, em Mato Grosso do Sul, para torná-la a maior planta de carne bovina da América Latina e uma das três maiores da JBS no mundo. A Companhia vai investir R$150 milhões para permitir que ela abata 4.400 animais por dia mirando o mercado da China.

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Planta gigante da JBS para exportar para a China. - Divulgação

 

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