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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Raquel Lyra está certa e João Campos também sobre as concessões

Eficiência é o artigo que mais faz falta aos poderes executivos deste país. Se houver honestidade intelectual, é impossível ficar contra as concessões

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Igor Maciel

Publicado em 21/02/2025 às 20:00
Raquel Lyra e João Campos em encontro no Palácio do Campo das Princesas - HESÍODO GÓES/SECOM

O PSB é um partido de opiniões curiosas em Pernambuco. Nas últimas semanas, deputados da sigla juntaram-se a aliados mais próximos e colocaram a boca no mundo contra a concessão parcial da Compesa que está sendo gestada no BNDES a pedido do Palácio do Campo das Princesas.

Por alguns dias foi o retorno de todo o lenga-lenga demagógico de “a conta vai aumentar”, “vão privatizar as águas”, “entregaram nossas riquezas aos empresários” e outras bizarrices fabricadas para militante com cargo comissionado ouvir e bater palma.

E aí?

Por isso, surpreende que nenhum desses agentes sensíveis e preocupados com o patrimônio do povo pernambucano tenha se exasperado com o anúncio das concessões de parques do Recife. O projeto foi apresentado na última quinta-feira (21).

Até o momento em que este texto estava sendo escrito, nenhum socialista criticou, resmungou ou mesmo deu um “pio”. Nada de “estão vendendo a riqueza do povo” ou “até o lazer dos pobres está sendo explorado”. Nadinha. Nem uma palavra.

Honestidade

E nem vai haver, porque a administração que fez a concessão no âmbito municipal é do PSB, de João Campos. Ambas as concessões são boas e vão transformar para melhor os serviços oferecidos, tanto pelos parques quanto pela Compesa.

O problema do PSB, e de boa parte da esquerda brasileira que o partido de João Campos integra, é a dificuldade para enxergar que o mundo mudou e não é possível cumprir com honestidade um princípio básico da administração pública, o da Eficiência, sem buscar parcerias com a iniciativa privada.

Má fé

É só ignorância? Não. Tem muita má fé, também. Seria ignorância se a concessão parcial de serviços ligados ao abastecimento de água e saneamento fosse uma novidade, nunca vista em Pernambuco.

Mas já há concessões de serviços da empresa feitos anteriormente. Foi, adivinhe, num governo do PSB. A diferença é que o PSB nunca conseguiu levar água à torneira da população e a nova concessão prevê que isso vai acontecer.

Quando eu faço é paraíso, quando o adversário faz é inferno? O povo ter o serviço ou não fica em segundo plano.

Resultado

O objetivo da concessão é que a Compesa continue a captar e tratar água, enquanto a iniciativa privada fique com a distribuição de água e a coleta e tratamento de esgoto.

A empresa que assumir terá metas contratuais para cumprir e será remunerada de acordo com essas metas.

Nas últimas décadas, das quais o PSB ocupou o governo por quase 20 anos seguidos, o abastecimento de água foi abandonado, a infraestrutura das tubulações é precária e um grande investimento precisa ser feito apenas para que as coisas voltem a ser razoáveis.

Sem a iniciativa privada é muito difícil de se fazer algo assim. E, se o que importa é o resultado, água na torneira vence qualquer argumento pateta ideológico. Fim de papo.

Sensacional

Do outro lado, o anúncio feito pelo prefeito João Campos (PSB) da concessão de quatro parques do Recife é também um marco histórico da cidade.

No total, serão R$ 413 milhões investidos ao longo de 30 anos nos equipamentos públicos, dando mais conforto, segurança e garantindo que a prefeitura pegue os R$ 12 milhões que gasta por ano para manter os parques e os destine em outras frentes mais urgentes, como habitação e drenagem, por exemplo.

Alguém honesto intelectualmente é capaz de ficar contra uma iniciativa dessas? E o pior é sustentá-la com rigor de espuma por convicções que nem entende direito.

João Campos está certo com os parques. Raquel Lyra está certa com a Compesa. O resto é patetice.

Safra

Melhor seria se tivéssemos gestões ainda mais comprometidas com o estudo e a apresentação de mais e mais equipamentos e serviços que pudessem ser concedidos à iniciativa privada, desde que respeitada sempre a prioridade do interesse público.

Eficiência é o artigo que mais faz falta aos poderes executivos deste país. Toda gestão comprometida em mudar isso deveria ter ao menos uma secretaria específica apenas para identificar oportunidades de concessão e viabilizar seus projetos.

Mas isso é outra história, para o futuro, quando a safra de políticos permitir.

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