Miguel Coelho assumiu a presidência estadual do União Brasil e apresentou suas armas logo na chegada: habilidade para fazer articulação política e mexer com o ambiente. Aliás, essa habilidade é patrimônio da família.
Em menos de um mês, conversou com a governadora Raquel Lyra (PSDB), gravou um vídeo reafirmando que é candidato ao Senado, independente da chapa em que estiver, reafirmou sua parceria com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e deu uma entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, dizendo que não tem nada fechado (nem com João e nem com Raquel) para 2026.
Demonstra intensidade. Correu uma maratona numa pista cem metros.
Alepe
Enquanto isso, nos bastidores, ainda influenciou a articulação para que o União Brasil se afastasse do blocão do governo na Alepe, tornando possível ao deputado Antônio Coelho (UB), que vem a ser seu irmão, assumir a presidência da Comissão de Finanças.
Depois, numa reviravolta, a deputada Socorro Pimentel (UB) retomou a liderança do grupo na Alepe e recolocou o União Brasil na bancada governista.
Mas a "mão" de Miguel foi percebida na manobra que afastava o partido de Raquel. Ele só não contava que o Palácio iria reagir, como aconteceu.
Na entrevista à Rádio Jornal, o ex-prefeito de Petrolina seguiu o protocolo e negou qualquer tipo de participação nas negociações para esse movimento dentro da Assembleia Legislativa. Reiterou o respeito que deve ter à independência dos parlamentares, sem interferência do presidente do partido.
Volta
Desde que perdeu a eleição para o Governo do Estado em 2022 e não foi aproveitado pela gestão Raquel, mesmo tendo ajudado ela a ter uma boa votação de segundo turno no Sertão, Miguel Coelho havia mergulhado, saindo da superfície política.
Ficou pela sua região, viajou e trabalhou em seu escritório, dialogando com lideranças do estado.
Decidiu voltar à superfície agora porque vai começar a caminhada para um objetivo específico que é ocupar uma cadeira no Senado Federal.
E já começou chamando atenção. Não deve parar por aí.
Falta desligar
O PSDB morreu e quem não entender isso pode acabar morrendo junto com ele. Não impede o partido de ser refundado, como uma reencarnação pela qual se mantém a essência, assumindo as dores e as bênçãos de ser criança outra vez, construindo uma nova história sobre a que terminou.
Mas o PSDB de Mário Covas e de Fernando Henrique Cardoso acabou. E faz um bom tempo. Falta apenas desligar as máquinas. Aécio Neves (PSDB) é quem ainda age como aquele sobrinho que se beneficia dos bens do morto, mas não está no testamento. Na visão dele, quanto mais demorarem para declarar a morte, mais tempo para tentar aproveitar algo. É um comportamento triste.
Aécio
O ex-governador de Minas quer voltar ao posto que ocupou com grande popularidade até 2010 e o ajudou a tentar um voo nacional depois, mal sucedido. O problema dele é que a salvação proposta para o PSDB não era uma salvação, mas um atestado de óbito.
Os tucanos seriam incorporados pelo PSD de Gilberto Kassab. Dentro do PSD está o senador Rodrigo Pacheco, que também quer ser governador de Minas e, portanto, Aécio não teria espaço na nova casa para seus próprios planos.
Pífio
Nem espaço e nem argumento para ser governador, já que foi reeleito deputado federal recentemente com pouco mais de 85 mil votos e só conseguiu a vaga apelando para a proporcionalidade, já no fim da fila. Aécio mal conseguiu continuar deputado, como quer ser governador e pelo PSDB?
Ouviria de Pacheco e de Kassab o mesmo que Ulysses Guimarães, no passado, costumava dizer aos que não tinham grande força política e se apressavam em disputar cargos muito grandes: “cresça e apareça, rapaz”.
Sem consenso
Por isso, para o neto de Tancredo Neves, é melhor manter o PSDB plugado nas máquinas do que aceitá-lo morto, embora a confirmação do óbito parecesse a melhor solução para que todos pudessem seguir suas vidas.
Não é novidade. No ninho tucano sempre houve mais tapas que afagos. Não havia motivo para ser diferente agora.