Destaques e análises políticas do Brasil e Pernambuco, com Igor Maciel

Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O engenheiro José Múcio construtor de pontes e a missão pacificadora que assumiu

O ministro da Defesa conversou com a Rádio Jornal, falou de forma bem humorada sobre a experiência de construir pontes entre governo e militares.

Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 29/08/2024 às 20:00
Lula e o ministro José Múcio - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil precisa ser mais José Múcio. Podia ser slogan de campanha eleitoral, mas não é porque ele disse que não tem vinculação com partido político e não pretende mais ser candidato a nada. A declaração saiu durante a entrevista que o ministro da Defesa (que também é engenheiro civil) concedeu ao "Passando a Limpo", na Rádio Jornal.

Ele admitiu, por exemplo, que relutou em aceitar o posto que ocupa hoje, mas acabou sendo uma oportunidade de “conhecer o trabalho dos militares”.

Aumento

A entrevista era para falar sobre a novidade que é o alistamento de mulheres, aos 18 anos, nas Forças Armadas, mas aconteceu logo após uma declaração elogiosa de Lula (PT) e transformou-se num bem humorado bate-papo sobre a experiência curiosa de construir entendimento entre militares e um governo petista. Lula concorda.

"Haverá um dia que a história brasileira haverá de consagrar a tua passagem pelo ministério da Defesa como possivelmente o mais hábil de todos os ministros da Defesa que esse país já teve", afirmou o presidente durante um evento pelos 25 anos do ministério, esta semana.

Ao ser perguntado na Rádio se iria aproveitar o elogio do chefe para pedir aumento, o ministro pernambucano brincou que queria somente mais verba para estruturar melhor o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.

Portas fortes

Depois, falando sério, Múcio explicou: "O equipamento de defesa do Brasil é muito precário. Do tamanho da nossa grandeza, da nossa riqueza, nós precisamos de uma Força forte. Não para invadir nem provocar ninguém, é para dizer 'não, isso aqui é nosso, daqui você não passa'. Precisamos ter portas fortes, com fechaduras fortes, para dizer 'isso aqui pertence ao povo brasileiro'”.

Missão e resistência

O ministro estava tão tranquilo na conversa que não se furtou nem a comentar as resistências que enfrentou dentro do próprio governo, principalmente no partido do presidente cuja direção trabalhou para que ele fosse demitido logo no início de 2023. O fato é que o PT, no primeiro ano da gestão, atacou fortemente dois ministros com os quais não concordava: Fernando Haddad (PT) e José Múcio.

O pernambucano teve aval de Lula, foi firme para cumprir a missão que lhe foi dada, de pacificar a relação entre governo civil e militares, e teve êxito.

Com bom humor

Ele conseguiu fazer algo que parecia impossível depois de tudo o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 e, principalmente, num governo que coleciona problemas em diversas áreas, entregou solução onde ninguém imaginava que seria possível, construindo pontes onde mais havia abismo.

E ainda faz isso com bom humor peculiar, com a simplicidade de quem abraça missões e não cargos. Ao ponto de dizer, brincando, que, missão cumprida, espera sempre uma reforma ministerial pra ver se o presidente libera ele pra ir ficar com a família e curtir os netos.

O Brasil, cheio de polarizações, mágoas e ressentimentos políticos, com ambições que superam o dever público, como vemos muitas vezes todos os dias, precisa ser mais José Múcio.

Teto

A pesquisa Quaest desta semana sobre a eleição do Recife levantou um questionamento sobre João Campos (PSB) nesta eleição. Afinal, qual o teto dele. No Datafolha, quando se imaginava que 75% era muito, ele apareceu com 76%. Chegando em 76%, ele chegou a 80% na Quaest. Agora é o teto? Bom dizer que, em votos válidos, o percentual do atual prefeito chega a 86%.

Confere?

Por outro lado, esse número tão elevado, fora de qualquer padrão no restante do Brasil, não apenas nas capitais, obriga a uma provocação: a cidade está à altura desses números? O Recife no qual as pessoas vivem, trabalham, comem, dormem, tem uma estrutura de serviços formais, ordenamento, conforto e lazer em sintonia com esses 80% de aprovação?

Oposição

É bom que se diga, a provocação não é apenas para o atual prefeito e candidato à reeleição. O papel dele, de mostrar o trabalho dos últimos anos, ele faz muito bem.

Quem tem que responder essa questão é a oposição. Essa é a grande pergunta da campanha, o grande desafio dos adversários e, pelas pesquisas, não é tarefa nada fácil.

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS